Seja pelo vento morno, pelo canto dos sabiás ou pelo florescer dos jardins, a primavera já se anuncia em claros sinais. A estimulante estação, que atiça nossos sentidos, se inicia nesta terça-feira, às 10h32min, junto com o signo de Libra. É um grande acontecimento astrológico, com Terra e Sol em relação angular bem diferente da que trouxe a grande noite invernal ao sul do planeta. Daqui até o começo do verão, as horas de luz e calor vão aumentar gradativamente. A balança simbólica de Libra, vibrando no elemento ar, sugere sociabilidade e diplomacia, partilhas e escutas. Mas tomara esses ventos impregnados de conciliação vinguem. Pois nuvens de chumbo e fogo, resultantes de outras posições planetárias, seguirão densas primavera adentro. A sonhada paz libriana dificilmente cairá fácil desse céu. No entanto, nada impede que ela seja construída pela gente de boa vontade.
Para isso, convém buscar inspiração na vida e na obra de iluminados librianos. Como Mahatma Gandhi. Libriano com o ascendente também em Libra, Gandhi virou símbolo universal da não-violência, da paz e da justiça, temas do signo da balança. O dia de seu nascimento, 2 de outubro, é feriado na Índia, além de Dia Mundial da Não-Violência. Não é para menos. Ele foi o líder carismático que comandou a libertação da Índia da opressão britânica. Suas armas: resistência pacífica e desobediência civil. O então império mais poderoso do mundo cedeu à luz pacifista daquele homem lúcido de franzino porte.
Como primeiro signo social, Libra rege a busca do outro, em parcerias, associações ou relacionamentos. Gandhi ampliou esse tema para além do humano, afirmando: “Tudo o que vive é teu próximo”. Esse pensamento se revelou em seu respeito absoluto a todas as criaturas – e foi um convicto vegetariano. Gandhi soube que prezar o outro como a si mesmo exige total empatia. Disse ele: “A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensamos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos”.
Ah, bendito Gandhi, como precisamos da prática da tolerância nesses tempos de agora, tão belicosos e polarizados, tão cheios de arrogância e desumanidade. Praticamos não a escuta, mas os discursos que ferem, rotulam e reduzem. Pregamos o direito à opinião destilando ódio em trincheiras nos comitês e templos. Tomara possamos espelhar de teu legado, ó Gandhi, a defesa de outro tema libriano: o amor. Tua mensagem já dizia: “O amor é a força mais abstrata e também a mais potente que há no mundo”. Hoje é irônico ver legiões de defensores do amor cristão arvorados a julgar e condenar. E é absurdamente trágico ouvir supostas ladainhas pela vida ecoar dos totens das armas letais.
Mas eis que a primavera chega outra vez ao sul do planeta. Apesar das nuvens escuras, Libra espalha seus valores de união e paz. E o libriano Gandhi nos convida a ir além da gritaria insana dos que negam o amor e a vida. Pois, ainda que momentaneamente empoderados, estes infelizes não representam a maioria dos humanos. Aconselhou Gandhi: “Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo”. Assim, sob o exemplo esperançoso desse libriano, vale sonhar com um novo mundo, vale o bom combate pela paz. Também disse o sábio, “o futuro dependerá daquilo que fazemos no presente”. E mesmo sonhar já é um bom começo, companheiros.