O tribunal de paz da Colômbia arquivou, nesta quarta-feira (19), uma investigação sobre a veracidade de um relatório da ONU segundo o qual havia 20 mil corpos de desaparecidos em um aeroporto de Bogotá, por considerar que "não existe evidência" que corrobore com o documento.
Em dezembro, o Comitê das Nações Unidas contra o Desaparecimento Forçado havia dito que "milhares de cadáveres" jaziam em "cemitérios ou depósitos mal administrados" do país "como um hangar" do aeroporto da capital.
A Jurisdição Especial para a Paz (JEP), que investiga os piores crimes do conflito armado colombiano, inspecionou 47 hangares do aeroporto El Dorado de Bogotá e "concluiu que não existe evidência que sustente" tal afirmação.
"Não há evidência que permita estabelecer que os hangares, armazéns, áreas de reciclagem, áreas de tratamento de águas residuais ou áreas fúnebres do aeroporto tenham sido utilizadas como local de depósito de corpos", insistiu.
O tribunal também consultou documentos próprios e documentos da autoridade forense, a Procuradoria Geral da Nação e a Unidade de Buscas de Pessoas dadas como Desaparecidas, "os quais descartam de maneira categórica a hipótese inicial" da ONU.
O JEP iniciou a investigação em resposta a um pedido do prefeito de Bogotá, Carlos Fernando Galán, que em dezembro refutou tal relatório.
Na mesma linha, o governo do presidente Gustavo Pedro (esquerda) rechaçou "categoricamente" as afirmações da organização e apresentou uma nota verbal de protesto contra elas.
Mas o escritório da ONU se defendeu logo depois e assegurou que se baseou em "fontes oficiais" da Colômbia para elaborar seu relatório, sem dar maiores detalhes.
A Colômbia vive uma guerra interna de mais de meio século, na qual agentes estatais enfrentam guerrilhas, milícias e cartéis do narcotráfico, com um balanço de cerca de 200 mil casos de desaparecimento forçado.
* AFP