O secretário de Estado americano, Marco Rubio, chegou nesta segunda-feira (3) a El Salvador para discutir políticas de migração e de segurança com o presidente Nayib Bukele, aliado de Donald Trump.
Após passar pelo Panamá, nesta segunda escala de sua primeira viagem como chefe da diplomacia americana, Rubio pode propor a Bukele, que tem grande popularidade por sua guerra contra as gangues, a possibilidade de que El Salvador receba criminosos deportados.
"Há apenas uma década, San Salvador era a capital mundial do crime, e hoje é uma das cidades mais seguras do mundo", disse recentemente Mauricio Claver-Carone, enviado especial dos Estados Unidos para a América Latina, que também elogiou Bukele como "um grande aliado no tema da migração".
Trump pôs fim ao status de proteção temporária de que desfrutavam mais de 600 mil venezuelanos nos Estados Unidos, que impedia sua deportação devido à crise no país sul-americano.
Um enviado dos EUA se reuniu na semana passada com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e exigiu que ele receba os venezuelanos deportados, incluindo membros do Tren de Aragua, uma organização criminosa de origem venezuelana que Trump denominou como grupo terrorista.
Os membros do Tren de Aragua "vão preferir voltar para a Venezuela a lidar com as prisões das gangues em El Salvador", afirmou Claver-Carone.
O Panamá, que Rubio visitou no domingo, também prometeu maior cooperação na deportação de migrantes de outras nações, um esforço que espera que seja útil para reduzir a tensão provocada pela ameaça de Trump de tomar o Canal do Panamá.
Antes de partir para El Salvador, Rubio observou na Cidade do Panamá um voo de deportação de colombianos detidos enquanto cruzavam a selva de Darién rumo aos Estados Unidos.
"Se eles chegam à fronteira sul dos Estados Unidos, nos causam graves problemas", disse a jornalistas enquanto as autoridades panamenhas embarcavam 32 homens e 11 mulheres no avião com destino à Colômbia.
- Aliado na agenda de Trump -
Com boa relação com Bukele, o governo de Trump não mexeu até agora no status que protege da deportação cerca de 232 mil salvadorenhos nos Estados Unidos.
Na véspera da visita de Rubio, Bukele elogiou o esforço de Trump de desmantelar a ajuda externa americana. "Não é apenas benéfico para os Estados Unidos, também é uma grande vitória para o resto do mundo", escreveu Bukele em inglês em sua conta no X.
Bukele repetiu os argumentos do bilionário Elon Musk, amigo e assessor de Trump, e dos populistas de direita de que a ajuda dos EUA se destina principalmente a financiar grupos da oposição, incluindo ONGs.
No ano fiscal de 2023, El Salvador recebeu cerca de 138 milhões de dólares (aproximadamente R$ 668 milhões, em cotação da época) em ajuda dos Estados Unidos, principalmente para apoio ao governo, à sociedade civil e à educação básica, segundo dados oficiais americanos.
Grupos de defesa dos direitos humanos criticam Bukele porque sua política de segurança é baseada em um regime de exceção que, desde março de 2022, permite prisões sem mandados judiciais.
Bukele reconhece que das 83 mil pessoas que foram detidas, cerca de 8 mil tiveram que ser liberadas por serem inocentes, mas goza de ampla popularidade e no ano passado foi reeleito com mais de 80% dos votos.
Entre os convidados para sua posse estavam o filho do presidente americano, Donald Trump Jr., e Tucker Carlson, popular jornalista conservador próximo a Trump.
Mas é possível que Bukele ainda tenha que tranquilizar seu contraparte americano. Em seu discurso na convenção de nomeação republicana do ano passado, o magnata surpreendeu ao criticar Bukele, alegando que ele havia reduzido a criminalidade "enviando seus assassinos para os Estados Unidos".
* AFP