A sessão plenária da Cúpula Ibero-Americana começou neste sábado (25) na República Dominicana com a crise alimentar como destaque da agenda e apela a um sistema financeiro "mais justo" para enfrentar as consequências da pandemia e da invasão russa da Ucrânia.
O presidente anfitrião, Luis Abinader, abriu os debates deste encontro, que antecede o encontro entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e a União Europeia (UE), que acontecerá nos dias 17 e 18 de julho na Bélgica.
"Se não nos unirmos, teremos perdido a oportunidade de obter algum benefício concreto para nossos países", disse o presidente.
Chefes de Estado e de Governo de 13 países participam do debate na sede do Ministério das Relações Exteriores em Santo Domingo.
A declaração conjunta que será assinada neste sábado inclui "uma 'rota crítica para a segurança alimentar, inclusiva e sustentável na Ibero-América', uma 'carta ambiental ibero-americana', que contribui para proteger nosso habitat e oceanos; e a 'carta ibero-americana de princípios e direitos em ambientes digitais', para garantir o exercício dos direitos fundamentais no âmbito da transformação digital", segundo um comunicado da organização.
A América Latina enfrenta um ano difícil, com projeções de crescimento inferiores a 2%. O custo de uma alimentação saudável na região é o mais caro do mundo: US$ 3,89 por pessoa por dia (cerca de R$ 20,58), inacessível a 22,5% da população, segundo as Nações Unidas.
"Testemunhamos um revés significativo na segurança alimentar em nossa região", disse Abinader. "As pessoas que melhoraram seus níveis de alimentação voltaram a sentir fome", acrescentou.
"Não podemos dar nenhum passo atrás", insistiu.
Um aspecto central também será o acesso ao financiamento para os países pobres.
O encontro conta com a participação do chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell. "A competição estratégica entre Estados Unidos e China, a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia e a ascensão do chamado 'Sul Global' estão levando o mundo a uma multipolaridade desordenada e instável. Não é um convite ao isolamento, mas uma oportunidade de reforçar nossa cooperação", escreveu ele em uma coluna antes da cúpula.
O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, manteve reuniões bilaterais mais cedo com Borrell e o presidente argentino, Alberto Fernández, e com o equatoriano, Guillermo Lasso. Não foi fornecido nenhum detalhe adicional.
A organização fez um anúncio surpresa na sexta-feira, na cerimônia de abertura, da participação do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, mas nem o presidente nem seu governo confirmaram a viagem.
"Os tempos que vivemos exigem ação imediata dos governos para conter as desigualdades e avançar para o desenvolvimento dos povos", escreveu Maduro no Twitter neste sábado, sem se referir diretamente ao encontro.
"Confiamos na vontade das nações, de alcançar grandes objetivos, por meio da união e cooperação conjunta", acrescentou.
* AFP