Superlotação, ônibus quebrados, falta de pontualidade e problemas na cobrança da passagem com a segunda roleta nos coletivos são alguns dos motivos que levaram o Ministério Público do Rio Grande do Sul a investigar o transporte de Nova Santa Rita, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
A empresa Vianova é a responsável pelo transporte rodoviário de Nova Santa Rita a Canoas pela BR-386. Por determinação do MP, a empresa deve corrigir as falhas no serviço em até 15 dias. Caso os problemas não sejam solucionados, será cobrada multa.
Grande parte dos cerca de 25 mil habitantes da cidade trabalha fora do município e depende do ônibus para ir trabalhar. Com o serviço precário, o trajeto diário torna-se ainda mais cansativo.
"Muitas vezes, em dias chuvosos, entra água dentro dos ônibus. Há situações até de pessoas abrindo guarda-chuva durante a viagem. E um sistema que causou muita polêmica aqui na cidade, que foi o sistema de duas roletas, tanto na entrada quanto na saída. Causou um pouco de desconforto e até alguns acidentes", diz o jornalista Paulo Fernandes Viegas.
A segunda roleta foi instalada pela empresa Vianova para ter controle de passageiros que pagam tarifas diferentes, dependendo do ponto onde vão descer. O equipamento é motivo de polêmica na cidade, já que é comum haver problemas com a leitura do cartão magnético que é usado, causando longas filas e ainda mais atraso no itinerário.
"Essas roletas são só para atrasar quem trabalha. Tem que fazer um abaixo-assinado e acabar com isso", reclama a dona de casa Nair Maica, que também é usuária do transporte.
Além do problema com a segunda roleta, os passageiros sofrem diariamente com os atrasos, a superlotação dos veículos e o barulho causado pelas peças quebradas dos ônibus.
"Nós recebemos muitas reclamações, justamente sobre a idade dos ônibus, o fato de eles estarem frequentemente avariados. Também reclamam de quebrarem no percurso até o destino, de não serem pontuais e ficarem superlotados", afirma o promotor Felipe Teixeira Neto.
Os ônibus de Nova Santa Rita são considerados irregulares, já que o serviço não foi licitado até hoje. A situação ocorre em grande parte das cidades gaúchas.
"Isso é uma questão que tem que ser trabalhada pelo estado de uma forma geral, porque toda a Região Metropolitana tem esse problema. Há muitos anos, desde antes da Constituição de 1988, as empresas prestam esse serviço de modo precário. Estamos para cobrar que seja feita essa licitação", finaliza o promotor.
Contrapontos
Procurada pela RBS TV, o gerente operacional da Vianova, Rogério Moraes, disse que não iria se manifestar.
Já a Prefeitura de Nova Santa Rita, por meio da assessoria de imprensa, salientou que o sistema de transporte é intermunicipal e que, por isso, toda regulação e fiscalização do sistema é feita pela Metroplan.
Entretanto, a assessoria da prefeitura informou que acompanha o sistema da segunda roleta para buscar soluções "para resolver as demandas, dentro de suas atribuições". Além disso, o órgão destaca que está sendo elaborado o Plano Municipal de Mobilidade Urbana de Nova Santa Rita pela Fundação La Salle.
O chefe de Departamento de Gestão de Transporte Metropolitano da Metroplan, Danilo Landó, diz que o pedido do Ministério Público é por afastar a roleta da porta, o que já está sendo feito nos ônibus. Landó considera o prazo de 15 dias como "impossível", já que não é possível retirar de circulação todos os ônibus de circulação ao mesmo tempo.
Pelo menos sete ônibus já foram regularizados, e a empresa ficou de encaminhar à Metroplan um calendário com os prazos. Landó salienta que a frota é composta por entre 20 a 25 veículos.
Em Nova Santa Rita, o limite máximo de circulação dos ônibus é de 16 anos. Landó observou ainda que a Metroplan recebeu denúncia de que dois veículos estariam fora do prazo. Agentes da empresa foram averiguar, e constataram que os coletivos esavam na garagem.
Sobre as goteiras, ele diz que o problema foi percebido há mais de dois meses, e que já foi resolvido. "Toda vez que a gente vai a um lugar, permanecem as reclamações anteriores. Agora se foi semana passada, o usuário tem que reclamar."
Reclamações podem ser feitas no telefone 0800 510 4774. "É obrigatório que os ônibus informem esse telefone. Se as pessoas avisam, conseguiremos ver na hora. População é nossos olhos", diz Landó.