A ex-secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Katia Stocco Smole, acredita que o retorno das aulas presenciais é positivo para os alunos, caso aconteça de forma segura. Katia, que dirige o Reúna, instituto sem fins lucrativos focado em educação, concedeu entrevista ao programa Gaúcha Hoje da rádio Gaúcha Serra na manhã desta sexta-feira (18). A especialista destacou que o Brasil é um dos países que está há mais tempo em distanciamento das salas de aulas e citou exemplos como a volta às aulas na Itália, França e Espanha. Para Katia, o retorno pode acontecer de forma gradual.
— Hoje temos protocolos para volta do comércio, de bares, de restaurantes, vamos às ruas, as crianças frequentam praias. Precisamos de protocolos para volta às escolas. Não teremos, necessariamente, a vacina em fevereiro, então vamos ficar mais quanto tempo sem escola? — disse.
De acordo com Katia, a volta poderia ser organizada com frequências diferenciadas.
— Poderíamos aproveitar este período para fazer essa volta parcial ainda que fosse uma ou duas vezes por semana para ir ensinando os alunos os novos protocolos de ocupação dos espaços, de uso de máscara, de distanciamento. Não acredito que voltaremos, nem mesmo no início do ano que vem, a ter aulas presenciais na sua totalidade. É o momento de usarmos a inteligência do ponto de vista educacional pra fazer uma educação para esse novo momento — afirmou.
Em países da Europa a retomada presencial foi realizada de forma segura, segundo Katia e com períodos de distanciamento realizado quando houve algum caso de contaminação. Para isso, a responsabilidade não é inteiramente da escola, mas uma iniciativa do poder público.
— Itália, Espanha e França tiveram retornos seguros para as escolas, ainda que com casos isolados acontecendo. A Alemanha recuou, mas voltou por regiões. Na França também houve uma região que recuou, mas depois voltou. Isso é possível de acontecer, por isso que eu digo que é preciso planejamento e monitoramento — ressalta.
Ideb – Os números sobre o desempenho dos alunos das escolas, divulgados recentemente, pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do Ministério da Educação, reforça a necessidade de aulas, conforme Katia.
— É um outro motivo para que não fiquemos ainda mais tempo distanciados. O Ideb evoluiu e precisa continuar evoluindo. O Brasil tem uma dívida grande e uma urgência em educação. Nós vínhamos em um momento de crescimento de implementação da Base Nacional Curricular. O Instituto (Reúna) já tem desenvolvido planejamento para reduzir os danos do distanciamento. Tivemos lugares onde os alunos não tiveram nenhum tipo de atividade, não dá pra taparmos o sol com a peneira — conclui.
Ouça a entrevista na íntegra: