O aumento nos preços de alimentos, como arroz, feijão, leite, carne e óleo de soja, fez a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) se manifestar sobre o desequilíbrio entre a oferta e a demanda no mercado interno e o temor de transtornos no abastecimento.
Os preços mais elevados de produtos da cesta básica brasileira são atribuídos ao aumento das exportações e a diminuição das importações, motivadas pela mudança na taxa de câmbio que provocou a valorização do dólar frente ao real. O crescimento da demanda interna, impulsionado pelo auxílio emergencial do governo federal, também foi citado pela Abras.
Neste cenário, um saco de arroz de cinco quilos chega a custar quase R$ 30 em supermercados da região. Com isso, o gasto médio em cada ida ao supermercado cresceu cerca de 30%, segundo estimativa do presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo. Em 2019, o ticket médio era de R$ 45. Agora, ele estaria em R$ 60, conforme Longo.
_ Aumentou também porque as pessoas estão indo menos e gastam um pouco mais _ acrescenta o presidente da Agas.
Longo destaca também que a carne foi um dos produtos da cesta que mais puxou o aumento de gastos, até porque muita gente passou a almoçar em casa.
Ainda sobre os aumentos dos alimentos, o presidente da Agas diz que os supermercados estão buscando trabalhar com estoques para não repassar os preços da indústria, mas o arroz é um item que ainda deve ter aumento nas gôndolas e a farinha também, porque este último é um dos produtos com o preço mais represado. Já o leite o feijão teriam chegado ao limite de aumentos, na opinião do dono de supermercado.
Migrar e pesquisar
O presidente da Agas disse que os aumentos dos itens básicos, sentidos com maior força nas últimas duas semanas, vinham sendo represados por mais de uma década.
_ Os alimentos sempre estiveram abaixo da inflação, sempre foram muito baratos no Brasil. Agora que deu uma realinhada. Estamos no pior momento de situação cambial. O mundo veio buscar comida no Brasil. São Paulo veio buscar carne no Estado _ aponta Longo.
Como se tratam de alimentos básicos, o consumidor fica sem muita alternativa. O presidente da Agas conta que, em outras ocasiões, se o arroz aumentava, a alternativa era ir para massa, por exemplo. Mas agora, além de ficar mais difícil migrar para outros alimentos, o caminho é pesquisar preços, o que fica mais complicado em função da pandemia.
Logo guará como nova garoupa?
Embora o gasto médio estimado pela Agas seja de R$ 60 nos supermercados, uma das expressões mais ouvidas nesta pandemia entre os consumidores é que não se vai mais ao supermercado sem gastar, no mínimo, R$ 100. Com o aumento dos alimentos dos últimos dias e projeções de mais elevações, será que a recém-lançada nota de R$ 200 será os novos R$ 100 do súper?