A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, disse neste domingo (2) que espera a resposta do seu par americano, Donald Trump, à proposta de estabelecer uma mesa de trabalho sobre migração e narcotráfico, questões que ele citou para impor tarifas ao México.
"Proponho que aguardemos a resposta do presidente Trump a esta proposta [...]. Amanhã, estarei informando as primeiras medidas do que chamamos de 'plano B'" diante desses impostos, declarou a governante em um vídeo na rede social X, referindo-se a possíveis represálias comerciais.
Sheinbaum alertou que, embora a taxação de 25% tenha efeitos para ambos os países, será "muito grave para a economia dos Estados Unidos", pois elevará os custos de todos os produtos exportados do México.
Também destacou que a instância de diálogo que propõe seria formada pelos "melhores times" de segurança e saúde pública, e apontou que Washington deve prevenir a dependência de jovens ao fentanil, relacionado anualmente a dezenas de milhares de mortes.
"Se os Estados Unidos querem combater os grupos criminosos e querem que façamos isso em conjunto, devemos trabalhar de forma integral [...], com respeito à soberania", afirmou.
"Coordenação, sim, subordinação não", enfatizou, e qualificou de "terrivelmente irresponsável" a acusação da Casa Branca de que seu governo teria uma "aliança" com os cartéis do narcotráfico. No sábado, ela chamou essa acusação de "calúnia".
Sheinbaum participou neste domingo de um evento público em uma localidade vizinha da capital, onde foi apoiada com o grito de "Não está sozinha!" pelos presentes, aos quais explicou o significado das tarifas.
"Eu disse: presidente Trump, em vez de estarmos brigando por tarifas, vamos conversar, assim é como as pessoas se entendem, vamos nos comunicando, vamos nos coordenando, mas não dessa maneira", relatou.
"Estão se dando um tiro no pé", acrescentou sobre o impacto que os impostos teriam no custo de vida dos americanos.
O chamado "plano B" será apresentado na habitual coletiva de imprensa da presidente nesta segunda-feira.
Tanto no vídeo quanto em seu discurso, Sheinbaum reiterou que as fabricantes de armas americanas agiriam em conluio com os narcotraficantes mexicanos, para onde as armas acabam indo.
"O Departamento de Justiça reconheceu que as armas que chegam ao México vêm dos Estados Unidos [...], da indústria militar", disse.
Os Estados Unidos são o principal destino das exportações mexicanas, que foram beneficiadas no âmbito do tratado de livre comércio da América do Norte (T-MEC).
As tarifas de Trump atingiram ainda o Canadá, que também faz parte do acordo comercial, e a China, a segunda maior economia mundial.
* AFP