A extradição de 29 chefes do narcotráfico mexicano aos Estados Unidos ocorreu por razões de "segurança nacional" e à parte do tratado de extradição entre os dois países, informaram, nesta sexta-feira (28), o procurador-geral e o governo mexicano.
O envio dos supostos criminosos aconteceu em meio às ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 25% ao México e ao Canadá a partir da próxima terça-feira, devido à suposta ineficácia no combate ao narcotráfico e à migração ilegal.
O procurador-geral mexicano, Alejandro Gertz, disse à imprensa que os acusados foram "transferidos" para os Estados Unidos após informações de que alguns juízes estavam tentando atrasar deliberadamente o envio ao país vizinho, que solicitava a extradição dos suspeitos por vários crimes.
Até agora, as entregas de mexicanos requisitados pelos Estados Unidos aconteciam com base em um acordo de extradição binacional que exige a autorização da justiça para serem concretizadas.
No entanto, o procurador-geral e o secretário de Segurança mexicano, Omar García Harfuch, explicaram que esse procedimento extraordinário foi adotado após surgirem relatos de que alguns dos 29 presos enviados na quinta-feira poderiam até ser "libertados".
"Havia um risco de que alguns desses alvos fossem libertados ou que seus processos de extradição continuassem sendo atrasados devido a acordos com alguns juízes que buscavam favorecê-los, considerando que as atividades às quais se dedicam representam uma ameaça à segurança do nosso país", explicou García Harfuch.
Entre as pessoas entregues está Rafael Caro Quintero, o "narco dos narcos", que fundou o extinto Cartel de Guadalajara e passou várias décadas na prisão pelo assassinato do ex-agente antidrogas Enrique "Kiki" Camarena em 1985.
Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou na quinta-feira que alguns dos criminosos enviados podem ser condenados à pena de morte.
Gertz, no entanto, detalhou que a legislação mexicana não prevê a pena capital e, por isso, outros países que possuem acordos devem respeitar tais disposições.
"Temos um acordo muito claro no sentido de que uma legislação como a mexicana, que não tem essa penalidade, deve ser respeitada nos países com os quais temos convênios", afirmou.
Gertz, que participou na quinta-feira de uma reunião com autoridades dos Estados Unidos em Washington, afirmou que o México "cumpriu" com sua obrigação de combater o crime organizado, e que não há, na sua opinião, razões para impor tarifas.
* AFP