O mundo do trabalho mudou drasticamente nos últimos anos. À medida que uma grande onda de demissões voluntárias tomava conta dos EUA, a opção por “dar um tempo na carreira” entrou em pauta. Não que seja algo completamente inédito –por inúmeros motivos, as pessoas sempre fizeram pausas em suas carreiras (especialmente as mulheres). Mas esse tema tem tido mais atenção porque o número de pessoas pausando momentaneamente a carreira está aumentando rapidamente. E, se antes os empregadores evitavam contratar alguém com um hiato no currículo, agora eles precisam considerar todas as oportunidades para preencher uma vaga.
A boa notícia é que essa é uma excelente oportunidade para remover o estigma dos hiatos no currículo. Só porque alguém decidiu “dar um tempo”, isso não significa que essa pessoa é preguiçosa ou que suas habilidades estão estagnadas. Na verdade, muitas pessoas que fazem uma pausa no trabalho oficial continuam trabalhando tanto quanto antes (se não mais) e estão adquirindo novas habilidades, que podem ser úteis quando reingressarem no mercado de trabalho.
Reconhecendo a importância de oferecer a esses trabalhadores todas as chances de voltar à atividade formal, a plataforma LinkedIn adicionou recentemente um recurso que permite que seus usuários adicionem pausas de carreira ao seu currículo. Agora, em vez de uma lacuna entre empregos que levanta dúvidas para possíveis empregadores, os usuários do LinkedIn têm um espaço para mostrar aos empregadores como aquela pausa ajudou a aumentar seu valor. Essa é uma boa solução para todos os envolvidos.
EMBORA ESTIGMATIZADAS, INTERRUPÇÕES SÃO MUITO COMUNS
As pausas na carreira estão começando a se tornar a norma. De acordo com uma pesquisa do LinkedIn, 62% de todos os funcionários do mundo fizeram uma pausa e 64% das mulheres o fizeram. A maioria das pessoas associa as pausas a mulheres que deixam seus empregos para ter filhos e cuidar deles ou a trabalhadores mais jovens, que tiram anos sabáticos, mas há muitas outras razões pelas quais os funcionários tiram esse tempo para si, incluindo licença parental (22%), licença médica (17%) e motivos de saúde mental (14%). Além disso, o cuidado familiar – como lidar com problemas de saúde para pais idosos com doenças debilitantes (incluindo COVID) – é um motivo cada vez mais citado por todos os funcionários.
Infelizmente, muitos empregadores ainda veem as lacunas entre empregos com certo ceticismo. Um candidato pode não passar por procedimentos de pré-seleção para chegar à vista dos empregadores caso outros candidatos sem intervalos semelhantes estiverem disponíveis. Já os funcionários que retornam ao seu cargo após um intervalo, geralmente sentem que suas habilidades são postas em questão.
Mas a dinâmica de poder está mudando, especialmente à medida que aumenta o número de pessoas com hiatos no currículo. A mudança na força de trabalho para os millennials e para as gerações mais jovens também está forçando os empregadores a reconsiderar suas posições sobre as pausas de carreira. A grande maioria dos millennials (84%) espera fazer uma pausa prolongada na carreira em algum momento da vida.
No futuro, será cada vez mais difícil para os empregadores encontrar possíveis contratados que não tenham feito algum intervalo. Portanto, é do interesse dos empregadores e dos empregados que o os funcionários em potencial se desenvolveram durante seu tempo fora.
APROVEITANDO AS PAUSAS NA CARREIRA
Só porque um funcionário deixa a força de trabalho temporariamente não significa que ele não esteja desenvolvendo habilidades relevantes. Daqueles que retornaram ao mercado de trabalho, 53% afirmam que estão melhores em seu trabalho depois da pausa. Do outro lado, 50% dos gerentes de contratação acreditam que as pessoas que retornam de uma pausa na carreira adquiriram habilidades valiosas, e 51% acreditam que os trabalhadores que fazem pausas podem reiniciar sua carreira a qualquer momento.
O novo recurso do LinkedIn permite que os usuários detalhem os motivos pelos quais deixaram a força de trabalho e as habilidades que adquiriram ou reforçaram durante a pausa. Em vez de ter uma lacuna cronológica de emprego que levanta dúvidas, os funcionários em potencial agora têm uma nova chance de vender suas habilidades.
É certo que algumas habilidades construídas durante um intervalo são mais difíceis de vender do que outras. Tarefas como resolver problemas de saúde para membros da família, demandam pensamento criativo e brainstorming. Os funcionários podem ter aprendido a conciliar pagamentos de hipotecas, pagamentos de empréstimos estudantis e os custos médicos e de vida adicionais para os membros da família, ensinando-os a otimizar os gastos. E quando os funcionários precisam abrigar inesperadamente um membro da família, eles também precisam se tornar especialistas em logística e orçamento – habilidades essenciais para muitos empregadores.
Os funcionários também podem estar desenvolvendo habilidades por meio de projetos tangenciais. Por exemplo: eles podem iniciar um blog sobre suas experiências pessoais, ganhando habilidades de escrita. Talvez eles abram seu próprio negócio para gerar fluxo de caixa extra, dando-lhes mais planejamento financeiro, noções de marketing e experiência em vendas, e até mesmo habilidades de gerenciamento – todas as quais podem ser adicionadas ao seu currículo.
Aqueles que fazem pausas por motivos de cuidado, seja para crianças ou familiares doentes, frequentemente citam o aumento da paciência e da autoconsciência como benefícios de seu tempo fora. Essas habilidades sociais podem ser mais difíceis de converter em benefícios para os empregadores, embora sejam, sem dúvida, importantes tanto para a formação de equipes quanto para o gerenciamento.
A pandemia e a consequente onda de demissões voluntárias acabaram dando destaque às necessidades e os desejos legítimos dos trabalhadores. Um deles é o de fazer pausas na carreira. De fato, 69% das pessoas que fizeram uma pausa dizem que o tempo longe as ajudou a ganhar perspectiva, e 68% dizem que isso impactou positivamente seu bem-estar. É hora de empregadores e funcionários mudarem sua percepção desses intervalos. E, ao oferecer certos recursos de perfil e compartilhar pesquisas, plataformas como o LinkedIn estão tornando mais fácil para os funcionários incluir suas novas habilidades e atrair empregadores.