Às 13h05min de terça-feira, dia 8, crianças ansiosas esperavam na fila da Escola Primeiros Passos, em São Marcos. Os pequenos estavam de mãos dadas com os pais, ambos de máscara, respeitando o distanciamento, enquanto aguardavam pela aferição da temperatura, verificada no pulso. Antes de entrar pela porta principal, os meninos e meninas retiravam seus calçados e vestiam outro par que trouxeram de casa só para ser usado nas dependências da escola. Conforme entravam porta adentro, as crianças exibiam um sorriso de ternura, um misto de saudade com euforia, por conta da volta às aulas.
— Alguns pais ficaram surpresos, porque os filhos entravam na escola e nem mesmo se despediam deles. As crianças estavam muito felizes de voltar pra escola — conta a diretora da Primeiros Passos, Karin Perin.
Enquanto a reportagem esteve presencialmente na escola, acompanhando as atividades, o que se viu foi uma aula de civilidade e maturidade, por parte das crianças. Todas estavam com suas máscaras que vieram de casa e, após o lanche, receberiam uma nova, para ser substituída. Ou seja, no turno das 13h às 18h, que é o novo horário da escola nesse momento de adaptação, as crianças vão trocar de máscara, pelo menos uma vez.
Há no chão da escola, pequenas pegadas em cor vermelha, que sinalizam o distanciamento a ser respeitado. Na hora em que tiveram de mudar de sala, por conta de uma nova atividade, ou para a hora do lanche, todos eles respeitavam as marcas no chão. O que aliás, não se tem mais observado em supermercados e em Lotéricas, de várias cidades, por exemplo.
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Apesar da maior preocupação dos pais ainda ser com relação às medidas preventivas, Karin reforça os benefícios pedagógicos da retomada das aulas presenciais.
— A base da educação infantil é o afeto e o lúdico. Quando as crianças chegaram aqui, nós brincamos com elas quando tivemos de medir a temperatura no pulso. Explicamos que gostaríamos de ver se iria acender uma luzinha quando apontássemos o aparelho para o bracinho delas. E, em sala de aula, as professoras explicaram que aparelho é esse, o que é febre, o que é esse vírus — relata.
Karin vai ainda mais além e diz que esse novo momento inaugura uma espécie de "nova escola". Se o conhecimento é uma construção que depende da interação e do estreito relacionamento entre as crianças e as professoras, será preciso absorver as regras de distanciamento, mas esforçar-se para que esse vínculo seja mantido.
— Mesmo que os pais tenham habilidades e consigam ensinar os seus filhos, é comum as crianças dizerem: "Tu não sabe ensinar, só a profe sabe". Estávamos há seis meses fechados, mas enviávamos as atividades online. Vamos agora retomar tudo o que foi visto, para reforçar o nosso vínculo — revela.
A escola tinha 50 alunos matriculados em março. Poderá atender a 50% da demanda, segundo o protocolo aprovado pela prefeitura. Karin revela ainda que cerca de 20 crianças devem voltar às aulas. No primeiro dia, foram atendidas 14 crianças, sendo oito de 4 anos, uma de 5 anos, uma de 2 anos, quatro de 3 anos.
— Acreditamos que com o tempo, os pais que, nesse primeiro momento decidiram por não trazerem seus filhos, vão se sentir mais seguros. É tudo novo para todos nós, mas com o tempo vamos conquistado a confiança deles, porque estamos preparados para cumprir com todas as regras.
Há em São Marcos ainda outras duas escolas de educação infantil privadas, a Pintando o Sete e o Colégio Mutirão. Na Pintando o Sete, as aulas serão retomadas quarta-feira (9), com pouco mais de 10 alunos entre quatro e cinco anos.
— Assim que tivemos autorização para reabrir, quatro pais que têm os filhos na rede pública nos procuraram para saber de vagas — revela Vanderleia Castilhos Rech, diretora da Pintando o Sete.
No Colégio Mutirão teria uma reunião marcada para a noite de ontem, na sede da escola. O encontro seria aberto para os pais de todos os alunos, de todos os níveis, daria conta de explicar não apenas as regras do novo protocolo a ser adotado, mas também reforçar que o Mutirão vai adotar a sugestão do calendário do governo do Estado para a retomada das aulas presenciais.
— Na quinta-feira (10), iniciaremos a adaptação dos alunos de 4 e 5 anos, mesmo que em um horário reduzido, à tarde. Na turma dos 4 anos, teremos quatro alunos, Já na turma dos 5 anos, vamos dividir em dois grupos de 10 crianças, alternando-se semanalmente — explica Niceia Borguetti Sbabo, diretora do Mutirão.
A partir do dia 14, os alunos da educação infantil, das duas turmas do Mutirão, voltarão ao seu horário normal, das 13h30min às 17h30min.