O coronavírus, doença que assusta o mundo e ameaça a economia global, não tem impactado as empresas caxienses. Pelo menos não por enquanto. Não há notícias de atrasos nas entregas nem de fábricas paradas em Caxias do Sul. Os efeitos devem ser sentidos somente entre o final de março e início de abril.
Segundo o vice-presidente de Relações Institucionais do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), Ruben Bisi, os empresários se organizam anualmente com estoques, pois sabem que a China para a produção durante o Ano Novo Chinês – neste ano foi na semana no dia 25 de janeiro e acabou estendido por conta da epidemia.
— O problema é ainda a movimentação de pessoas e mercadorias lá. Ainda tem cidades sitiadas, onde ninguém entra nem sai — destaca Bisi.
Com a parada além do previsto, produtos pontuais, como componentes eletrônicos e automotivos, não devem chegar no prazo inicial. Ele acredita que a entrega será normalizada somente no final de abril. Há a possibilidade, também, da chegada de apenas parte da carga. Além disso, Bisi imagina que devam faltar contêineres para o envio de mercadorias daqui para a China:
— A sorte é que estamos no início do ano. E nossa região está bem, com Marcopolo contratando, Tramontina contratando — diz, acrescentando que é difícil estimar perdas em números.
Conforme dados do Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Caxias tem 199 empresas exportadoras e 290 importadoras. A lista é de dezembro de 2019. Do volume de produtos que chegam diariamente ao Porto Seco, metade é de fornecedores chineses.
— As coisas que foram enviadas da China ainda estão navegando Pode ser que se sinta no final de março. Um navio que vem direto para o Brasil demora cerca de 40 dias para chegar. Se estiver saindo algo hoje, só vai chegar aqui na metade de abril — explica o supervisor comercial do Porto Seco, Marcos Vencato.
Quando o ritmo de produção estiver totalmente restabelecido, é possível que faltem, segundo Vencato, navios para o envio de produtos para o Brasil e outros países.
Mapa do coronavírus
Acompanhe a evolução dos casos por meio da ferramenta criada pela Universidade Johns Hopkins:
Empresa estima um mês de atraso
Empresa caxiense de comércio exterior que doou 10 mil máscaras descartáveis para parceiros chineses, a Uno Mundo estima atraso de um mês na entrega de produtos para seus clientes devido ao coronavírus. As mercadorias devem embarcar na semana que vem e chegarão em Caxias na metade de abril.
— Tem uma programação de embarque e isso é importante — diz Marcos Manozzo, um dos proprietário da Uno Mundo.
Segundo ele, as cargas dos clientes atendidos pela empresa virão completas. Durante o período em que a mercadoria viaja, as empresas importadoras trabalham com os estoques que fizeram.
Ainda conforme Manozzo, não há estimativa de perdas com o atraso. O único gasto adicional que ele teve até agora foi com o envio das máscaras:
— Está tudo tranquilo.