A gestora italiana de patrimônio Azimut, há cinco anos operando no país, tem três escritórios no Rio Grande do Sul. As unidades de Bento Gonçalves e Caxias do Sul são as únicas no país que não ficam em capitais. Com os três escritórios gaúchos, a Azimut gerencia cerca de R$ 700 milhões. Coincidentemente, é o mesmo valor que captou em todo país durante a pandemia.
A empresa nasceu na Itália no início da década de 1990 em Milão. Atualmente, é a maior gestora independente da Itália e está entre as cinco maiores da Europa. Administra em torno de R$ 370 bilhões nos 18 países onde atua.
Antonio Costa, CEO da companhia no Brasil, detalha a seguir o comportamento de seus investidores, a maioria com valores que ultrapassam R$ 1 milhão.
Por que investir no Brasil?
A Azimut resolveu fazer esse processo de internacionalização, e a exemplo do que ocorreu na Itália, porque o sócio-fundador Pietro Giuliani percebeu que em outros países, tanto na Europa como fora, passariam por processo semelhante ao da Itália no início da década de 1990, de desbancarização. Mais de 90% dos recursos hoje estão nas mãos dos grandes bancos. Quando a Azimut nasceu, no início da década de 1990, nasceu como alternativa aos bancos. O CEO Pietro Giuliani percebeu que outros países passariam por isso, e foi o caso do Brasil. Nós ainda estamos passando por isso com muita concentração nos bancos, mas várias estruturas independentes surgiram. Em se tratando de um país de dimensões continentais, com quantidade de riqueza, e concentrada na mão dos bancos, percebemos que tínhamos este espaço para oferecer um serviço de altíssima qualidade, e tem dado tudo certo.
A Azimut mira em grandes e agora também em pequenos investidores?
Ela é focada em valores maiores, em tíquetes maiores. Na nossa estrutura, administramos recursos em dois segmentos: Private e Ultra High. O Private vai de R$ 1 a R$ 10 milhões. E o Ultra High é para investimentos acima de R$ 10 milhões. Recentemente, criamos um novo segmento, que tiramos de dentro da gestora de patrimônio. Criamos uma nova empresa para tíquetes menores, que se chama Consulenza, e é focada em valores bem abaixo de um R$ 1 milhão. Gerimos desde clientes pequenos até famílias com patrimônio grande.
Como estão sendo os investimentos com a pandemia?
Durante a pandemia, nós não perdemos ativos. Tivemos entrada líquida todos os meses. De março a julho, tivemos entradas na ordem de R$ 700 milhões, o que é muito significativo para uma gestora independente. A vantagem de não estar ligada a grupos financeiros é não ter conflito de interesses para vender produtos dos bancos. Mas não somos um shopping de produtos, não somos um supermercado. Temos uma proposta diferente. O shopping de produtos é como se você entrasse em um lugar que tivesse uma prateleira para escolher. Como fazer isso com tantas marcas? No nosso caso, nós damos uma consultoria. A gente percebe que os clientes precisam de uma gestão especializada em vez de apresentar os produtos. Sentamos com ele, determinamos o perfil, fizemos uma análise criteriosa das necessidades e propomos uma carteira adequada. Aos poucos se chega no desenho ideal. É muito customizado e personalizado. A gente até usa o termo “alfaiataria”. O início da pandemia foi muito crítico, porque o comportamento no mercado se tornou totalmente irracional. Se fossemos trabalhar só como supermercado, teríamos perdido ativos. Como somos um negócio diferente, essa proximidade nos ajudou a ter a confiança do cliente. Ele se sentiu seguro, porque não o abandonamos, apesar da situação crítica. Colocamos economistas, estrategistas e gestores para falar com clientes, e a maioria se sentiu segura e manteve os investimentos, sem sacar nada. Além de manter os ativos na casa, captamos um volume muito grande de recursos no período. Hoje administramos quase R$ 9 bilhões no Brasil.
Por que os escritórios da Azimut na Serra são destaque nacional?
A gente olha o Sul com prioridade. Paraná tem o escritório de Curitiba também, que é muito importante, e tem crescido. Porto Alegre e a Serra da mesma forma. Eu tive a oportunidade de estar na Serra antes da pandemia para dar suporte aos nossos sócios. É um lugar onde a gente percebe que tem um crescimento, uma indústria importante, grandes empreendedores com cabeça boa, pessoas com ótimos negócios, ou que venderam e querem investir ou com negócios com bastante liquidez. Eu fiquei bastante impressionado. Sempre que viajo volto satisfeito com a estrutura que temos na Serra. São os únicos escritórios que não ficam em capitais. Identificamos que a região era muito boa, mas se não tivesse encontrado um time bom para trabalhar, não estaríamos aí. Nosso negócio é um business de pessoas, depende de identificar esse perfil, e também encontrar uma região promissora.
Quais são os investimentos que estão sendo mais procurados?
É o investimento de risco tolerável e compatível com o retorno esperado. Hoje a gente vê carteiras compostas, na grande maioria, por títulos de renda fixa e fundos de investimento diversos, como macro, em ações, e uma variada classe de ativos.