Envolvido em uma polêmica sobre um suposto conflito de interesses, o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, enfrenta uma votação no Parlamento nesta terça-feira(11), na qual pode perder a maioria e ser obrigado a renunciar.
A votação da moção de desconfiança está prevista para começar às 15h GMT(12h em Brasília), e seu resultado pode precipitar a terceira eleição em menos de quatro anos.
Em princípio, e apesar das pressões dos últimos dias, a oposição manterá sua decisão de não salvar o primeiro-ministro de centro-direita, que chegou ao poder há quase um ano.
Tanto o Socialistas, principal partido da oposição, como a extrema-direita do Chega já anteciparam que não darão confiança ao primeiro-ministro.
Na segunda-feira, os socialistas anunciaram a apresentação de um pedido formal para a criação de uma comissão parlamentar de inquérito sobre o possível conflito de interesses que colocou o primeiro-ministro no centro das atenções.
Montenegro enviou na segunda-feira uma série de respostas por escrito às perguntas da oposição, que não ficou convencida. "Não basta dissipar suspeitas", respondeu o secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos.
O chefe de Governo e presidente do Partido Social Democrata (PSD, centro-direita) governa sem maioria absoluta e foi implicado em vários casos.
O principal envolve uma empresa de prestação de serviços, de propriedade de sua esposa e filhos, com contratos com diversas empresas privadas, incluindo um grupo sujeito a concessões estatais.
Desde que essas revelações se tornaram públicas, o primeiro-ministro, que já havia superado dois votos de desconfiança no passado, anunciou que os negócios da família ficariam exclusivamente nas mãos de seus filhos.
Se o governo não ganhar a confiança dos deputados, Montenegro terá que renunciar. A partir daí, o presidente da República, o conservador Marcelo Rebelo de Sousa, decidirá se dissolve ou não a Câmara.
A dissolução abriria as portas para eleições legislativas antecipadas, que podem ocorrer em 11 ou 18 de maio, já anunciou o presidente.
Montenegro se defende afirmando que não cometeu nenhuma irregularidade e que, em caso de eleições antecipadas, será candidato.
O líder chegou ao poder em abril de 2024, sucedendo António Costa, um socialista que renunciou em novembro de 2023 devido a uma investigação por suposto tráfico de influência.
Costa sempre negou qualquer irregularidade e foi eleito presidente do Conselho Europeu em junho.
* AFP