O presidente brasileiro da próxima conferência climática da ONU (COP30), André Corrêa do Lago, reconhece que essas declarações são muito abstratas, de acordo com uma carta aos quase 200 Estados participantes, divulgada nesta segunda-feira (10).
As COPs são reuniões anuais, geralmente realizadas no final do ano, onde a comunidade internacional debate por duas semanas as medidas para combater a mudança climática em todo o mundo.
"Precisamos de uma nova era além das negociações: devemos ajudar a colocar em prática o que decidimos", escreveu o presidente da COP30 nesta carta pública.
"Faremos o nosso melhor para vincular a abstração dessas negociações e as decisões da COP à vida real, porque às vezes há uma certa percepção de que essas coisas não produzem os resultados necessários", explicou o diplomata aos jornalistas.
O embaixador reconheceu que as instituições derivadas da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática têm "limites".
"A mudança climática se tornou uma questão transversal, mas é abordada de forma muito específica pelas instituições. Portanto, nossa ideia é estender a consideração das questões climáticas para outras dimensões", disse ele.
Na COP30 em Belém (10 a 21 de novembro), as nações avaliarão as ambições de seus roteiros climáticos entre agora e 2035.
Mas o contexto não é favorável, com a anunciada saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris e a nova prioridade orçamentária europeia para a defesa.
"O contexto internacional é muito difícil para negociações", já que as decisões devem ser tomadas por consenso, reconheceu o embaixador brasileiro.
"Vejamos, portanto, como podemos acelerar o que já decidimos", voltou a defender André Corrêa do Lago.
Em sua carta, o diplomata utiliza diversas vezes a noção de "mutirão", derivada de uma palavra indígena, que designa "uma comunidade que se reúne para trabalhar junto em uma tarefa comum".
"Juntem-se ao nosso 'mutirão' global. A humanidade precisa de vocês", pediu aos responsáveis pelas "finanças, às autoridades locais, ao setor privado, à sociedade civil, à pesquisa e à tecnologia".
A presidência da COP30 também planeja reunir um "círculo de presidências" de edições anteriores - da COP21 à COP30 - e convidar líderes indígenas para participar do evento.
* AFP