A Groenlândia vai às urnas nesta terça-feira, 11, para renovar o seu Parlamento. Se fosse antes do retorno de Donald Trump à Casa Branca, poucas pessoas fora da ilha prestariam atenção. Agora, o território autônomo da Dinamarca entrou na mira dos EUA - e ganhou a atenção do mundo todo.
Com reservas de terras raras e localização estratégica, a ilha tem atraído a cobiça das grandes potências, enquanto a sua população anseia por independência. Nesse cenário, o resultado da eleição pode ter impactos que vão além do Ártico.
Enquanto os cerca de 44 mil eleitores se preparavam para votar, Trump escreveu que os EUA apoiam o seu direito de determinar o próprio futuro. E prometeu: "Continuaremos a mantê-los seguros, como temos feito desde a 2.ª Guerra. Estamos prontos para investir bilhões de dólares para criar novos empregos e fazer você ficar rico. E, se você quiser, damos as boas-vindas a você para fazer parte da maior nação do mundo, os EUA!"
Ameaça
No seu primeiro governo, Trump tentou comprar a Groenlândia da Dinamarca. De volta à Casa Branca, ele insiste na ideia de controlar a ilha. Em discurso ao Congresso, o presidente se dirigiu diretamente ao "povo incrível da Groenlândia" e disse que ela é crucial para a segurança nacional e internacional. "Precisamos dela e vamos obtê-la, de um jeito ou de outro", disse.
O único problema é que a Groenlândia não quer fazer parte dos EUA, como mostra uma pesquisa da consultoria Verian: 85% dos entrevistados são contra deixar a Dinamarca para se juntar aos EUA. Apenas 6% disseram que são a favor e 9% não souberam responder.
Defensor da independência, o premiê Mute Egede diz que a ilha deve decidir seu futuro e cobrou respeito de Trump às vésperas da eleição. O partido Inuit Ataqatigiit (Comunidade do Povo), de Egede, e seu companheiro de coalizão Siumut (Avante) prometeram convocar um referendo pela independência, sem dizer quando.
No campo da oposição, o proeminente partido pró-independência Naleraq quer negociar o divórcio com a Dinamarca e sinalizou a disposição para fortalecer os laços com os EUA. Para o líder do partido Juno Berthelsen, o interesse de Trump fortalece a posição da Groenlândia na busca por emancipação.
A Dinamarca reconheceu o direito à independência na lei que ampliou a autonomia da ilha, em 2009. A questão é quando e como. Com a economia baseada na pesca, ela depende do subsídio anual de US$ 500 milhões que recebe de Copenhague - metade de seu orçamento - para manter o estado de bem-estar social, que inclui assistência médica e educação gratuitas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.