O porta-voz do partido Fatah em Gaza pediu neste sábado que seu rival Hamas renuncie para preservar "a existência dos palestinos" no território, onde Israel intensifica suas operações militares e ameaça expulsar a população.
"O Hamas deve mostrar compaixão por Gaza, suas crianças, suas mulheres e seus homens. Alertamos para dias difíceis, duros e entediantes que virão para o povo da Faixa de Gaza", disse Mounther al-Hayek, porta-voz do partido do presidente palestino Mahmoud Abbas.
O movimento islamista palestino tomou o poder em Gaza em 2007, quando derrubou o governo da Autoridade Palestina, dominado pelo Fatah.
Desde então, as tentativas de reconciliação entre as duas partes falharam.
Hayek pediu ao grupo islamista que deixe "o cenário do governo e perceba plenamente que a batalha que se aproxima [se decidir permanecer no poder] levará ao fim da existência dos palestinos" em Gaza.
O porta-voz repetiu o que alguns moradores de Gaza já ousam dizer abertamente, exaustos pelo sofrimento e destruição da guerra.
O conflito começou após o ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023.
Uma trégua entrou em vigor em 19 de janeiro, mas Israel rompeu o acordo na terça-feira ao retomar os bombardeios a Gaza, para onde suas tropas retornaram.
O Hamas continua exigindo a implementação da trégua, mas Israel, com o apoio dos Estados Unidos, endureceu suas exigências e ameaçou anexar partes de Gaza se o grupo não libertar os reféns ainda mantidos no território.
Nos últimos dias, vários ministros israelenses exigiram tanto o desarmamento do Hamas quanto a desmilitarização completa da faixa costeira.
O Hamas acusou os Estados Unidos neste sábado de distorcer a realidade, alegando que o movimento islamista "escolheu a guerra" ao se recusar a libertar os reféns.
"A resistência palestina propôs iniciativas claras para um cessar-fogo e uma troca total de prisioneiros", disse o grupo que governa Gaza.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu "rejeitou essas iniciativas e as sabotou deliberadamente para servir aos seus próprios interesses políticos", criticou.
* AFP