O Dalai Lama lançou nesta terça-feira (11) um novo livro que descreveu como um plano para o futuro do Tibete e seus compatriotas em suas relações com a China após sua morte.
A China, que considera o Tibete parte integrante de seu território, respondeu que o Dalai Lama "não tem o direito de representar o povo tibetano".
Muitos tibetanos exilados temem que Pequim nomeie o sucessor do Dalai Lama quando ele morrer, reforçando seu controle sobre o território que ocupou militarmente em 1950.
O livro "A voz de uma nação: Mais de sete décadas de luta contra a China por minha terra e meu povo" descreve as negociações do Dalai Lama com várias autoridades chinesas em nome do Tibete.
"O direito do povo tibetano de ser guardião de sua própria terra não pode ser negado indefinidamente, nem suas aspirações por liberdade podem ser esmagadas para sempre pela opressão", escreveu o líder espiritual do Tibete.
"Uma lição clara que aprendemos com a história é esta: se mantém as pessoas permanentemente infelizes, não pode existir uma sociedade estável".
Questionado sobre o livro em uma coletiva de imprensa, o Ministério das Relações Exteriores da China desqualificou Dalai Lama como "um exilado político envolvido em atividades separatistas contra a China sob o pretexto de religião".
A linhagem, o status e o título do Dalai Lama "foram determinados pelo governo central há centenas de anos", disse a porta-voz da diplomacia chinesa Mao Ning.
"Reencarnações de Budas vivos, incluindo o Dalai Lama, devem obedecer às leis e regulamentações nacionais, seguir rituais religiosos (e estar sujeitas à) aprovação do governo central", acrescentou.
O Tibete oscilou durante séculos entre a independência e o controle da China, que afirma ter "libertado pacificamente" o planalto acidentado e fornecido infraestrutura e educação.
O Dalai Lama, que completa 90 anos em julho, é um dos poucos que se lembra de sua terra natal antes da fracassada revolta de 1959, após a qual fugiu para a Índia.
Ele disse que o livro detalha seus "esforços persistentes" ao longo de sete décadas para "salvar minha terra e meu povo".
"Os tibetanos passaram quase 75 anos lutando pela liberdade", escreveu ele no Washington Post este mês, antes da publicação do livro.
"A luta deles deve continuar além da minha vida".
As negociações entre a China e os líderes tibetanos estão paralisadas desde 2010.
* AFP