As críticas ao conglomerado CK Hutchison pela venda de seus portos no canal do Panamá merecem uma "séria atenção", declarou nesta terça-feira (18) o chefe do Executivo de Hong Kong, depois que as autoridades chinesas questionaram o acordo.
A empresa do homem mais rico de Hong Kong, Li Ka-shing, vendeu a maior parte de suas operações portuárias, incluindo as do canal, após pressões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Dois departamentos do governo chinês responsáveis por questões relacionadas a Hong Kong republicaram na semana passada artigos da imprensa que criticavam a transação e questionavam se o CK Hutchison havia tomado o lado dos Estados Unidos, acima da China.
Um dos artigos tinha o título "Os grandes empresários sempre foram patriotas excepcionais".
"Houve amplas discussões na sociedade sobre o tema e isso reflete a preocupação da sociedade com este tema", declarou à imprensa John Lee, chefe do Executivo da cidade autônoma chinesa.
"As preocupações merecem séria atenção", afirmou.
Lee também fez um apelo aos governos estrangeiros para que "ofereçam um ambiente justo" às empresas de Hong Kong, sem citar diretamente os Estados Unidos.
"Nós somos contrários ao uso abusivo da coerção e de táticas de intimidação nas relações econômicas e comerciais internacionais", acrescentou.
A Bloomberg News afirmou nesta terça-feira, citando fontes que pediram anonimato, que funcionários de alto escalão do governo chinês ordenaram a várias agências governamentais, incluindo a administração de regulamentação do mercado, que examinem o acordo de maneira detalhada.
Por sua vez, a porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Mao Ning, declarou que a "China sempre se opôs de modo veemente ao uso da coerção econômica, da intimidação e da infração para minar os direitos e interesses legítimos de outros países".
Trump afirmou que a China controlava o canal do Panamá, construído pelos Estados Unidos há mais de um século para ligar os oceanos Pacífico e Atlântico.
O presidente americano ameaçou retomar o canal, que passou ao controle panamenho em 1999.
O grupo CK Hutchison administra desde 1997 dois dos cinco portos do canal por meio de concessões governamentais.
A empresa de Hong Kong afirmou que o acordo de venda não tinha relação com o noticiário político.
* AFP