A ministra das Relações Exteriores da Colômbia, Laura Sarabia, pediu nesta segunda-feira (10) à ONU em Viena que remova a folha de coca, o principal produto químico responsável pela cocaína, da lista de substâncias proibidas.
A ministra pediu à agência que exclua a planta "da lista das substâncias mais nocivas por razões científicas e práticas", em uma declaração feita durante uma sessão da Convenção sobre Entorpecentes.
"A ciência mostrará que a folha de coca em si não é prejudicial à saúde", disse Sarabia.
O governo do presidente Gustavo Petro tenta acabar com o estigma que pesa sobre essa planta, que misturada a produtos químicos em laboratórios se transforma na droga.
O primeiro presidente esquerdista do país insiste que os agricultores e indígenas que cultivam a planta são vítimas dos grandes traficantes de drogas.
Para as comunidades aborígenes, a folha de coca é sagrada e faz parte de sua cosmologia.
Sarabia insistiu que seu pedido "não implica" que o governo colombiano "deixe de erradicar" os cultivos ilícitos.
Ela também destacou que desde que Petro assumiu o poder, em 7 de agosto de 2022, até 31 de janeiro de 2025, as autoridades apreenderam mais de 1,9 milhão de quilos de cloridrato de cocaína e destruíram 454 laboratórios.
"Colocamos o foco na interdição de grandes remessas para os grandes traficantes para atingi-los onde mais dói: suas finanças", acrescentou.
Petro considera a guerra às drogas e sua abordagem punitiva um "fracasso".
Apesar de décadas de luta contra a máfia, a Colômbia continua sendo o maior produtor mundial de cocaína, uma fonte de financiamento para cartéis, grupos paramilitares e guerrilhas.
Em 2023, a produção no país atingiu o recorde de 2.600 toneladas, 53% a mais que no ano anterior, segundo a ONU.
Naquele ano, havia pelo menos 253.000 hectares plantados com folhas de coca.
Em 2011, a Bolívia decidiu se retirar da Convenção sobre Entorpecentes de 1961 para corrigir o "erro histórico" de incluir a coca na lista de substâncias proibidas. Na época governado pelo ex-presidente e líder dos produtores de coca Evo Morales, o país retornou ao acordo em 2013.
* AFP