Um voo com migrantes pousou na Venezuela, nesta quinta-feira (20), vindo do México, em plena crise com os Estados Unidos depois de o governo de Donald Trump mandar um grupo de venezuelanos para um presídio de segurança máxima em El Salvador.
A aeronave da sancionada companhia aérea estatal Conviasa chegou ao aeroporto de Maiquetía após as 11h30 locais (12h30 de Brasília) com 311 passageiros a bordo, que a princípio não são deportados dos Estados Unidos, mas venezuelanos que não conseguiram chegar àquele país.
Este é o quarto grupo de migrantes enviado à Venezuela desde a chegada ao poder do presidente americano, Donald Trump, com quem o governo do esquerdista Nicolás Maduro acordou repatriar imigrantes irregulares.
Dois voos saíram do Texas e outro de Honduras, trazendo presos de Guantánamo, antes de Trump enviar no domingo passado 238 supostos membros da quadrilha Tren de Aragua para o mega-presídio que o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, habilitou para receber membros de gangues.
Para isso, o governo americano recorreu a uma lei de 1798, que permite a expulsão, sem julgamento, de "inimigos estrangeiros". Caracas a qualificou de "anacrônica".
A Venezuela tem exigido que os presos sejam libertados e repatriados, enquanto denuncia uma campanha para criminalizar a migração.
"Esperamos que o governo de El Salvador entregue os venezuelanos que mantêm sequestrados em El Salvador, que se reencontrem com suas famílias", disse o ministro do Interior, Diosdado Cabello, no aeroporto de Maiquetía, que atende Caracas.
Venezuela e Estados Unidos - sem laços diplomáticos desde 2019 - concordaram, na semana passada, em retomar os voos de deportação, depois que Washington suspendeu uma licença para que a petroleira Chevron operasse no país caribenho, em represália ao que considerou um ritmo lento de repatriações.
"Maduro deve parar de enganar e programar voos de repatriação consistentes e semanais", escreveu no X, nesta quinta-feira, o Departamento de Estado americano, dois dias depois de seu titular, Marco Rubio, ameaçar com novas sanções.
Em fevereiro, mais de 600 venezuelanos foram repatriados.
Quase 8 milhões de venezuelanos deixaram seu país desde 2014, segundo as Nações Unidas, em busca de melhores condições de vida em meio a uma crise profunda, que fez a economia encolher 80%.
Maduro, que atribui o êxodo às sanções dos Estados Unidos, desconsiderou por anos o tamanho da diáspora venezuelana.
* AFP