O presidente Donald Trump ameaçou, nesta sexta-feira (7), impor tarifas aos produtos japoneses se o déficit comercial dos Estados Unidos com o Japão não for equilibrado, ao receber na Casa Branca o primeiro-ministro Shigeru Ishiba.
Tóquio não quer ser alvo de ataques comerciais como os lançados pelo republicano contra Canadá, México, China e provavelmente, muito em breve, a União Europeia, todos países ou regiões com que os EUA tem um déficit comercial.
Segundo um estudo realizado para o Congresso, em 2023 os Estados Unidos registraram um déficit de US$ 72 bilhões (R$ 348,5 bilhões na cotação da época) no comércio de mercadorias com o Japão.
Para Trump, as tarifas alfandegárias são uma opção se este déficit não for equilibrado.
"Não acho que terei qualquer problema" para chegar a um acordo, afirmou junto a Ishiba no Salão Oval.
O premiê japonês garantiu que ambos os líderes estão "determinados a trabalhar lado a lado pela paz no mundo".
Na primeira cúpula entre os dois líderes, Ishiba poderia propor aumentar as importações de gás natural americano, segundo a imprensa japonesa.
Isto reforçaria a segurança energética de um Japão pobre em recursos, ao passo que permitiria que Trump, que vê cada troca diplomática como uma negociação comercial, reivindicar uma vitória econômica.
- Segurança -
O Japão investe maciçamente nos Estados Unidos. Em 2023, era a principal fonte de investimento estrangeira direta no território americano.
Mais recentemente, o gigante japonês dos investimentos tecnológicos SoftBank Group, cujo dirigente Masayoshi Son é próximo de Trump, participou de um importante projeto de investimento na inteligência artificial nos EUA.
Mas não todos os investimentos japoneses são bem recebidos.
O ex-presidente democrata Joe Biden bloqueou a proposta de aquisição amigável da gigante siderúrgica US Steel por parte da Nippon Steel.
Trump, que também declarou durante sua campanha eleitoral que a US Steel deveria permanecer sob a bandeira americana, se reuniu na quinta-feira com o magnata republicano na Casa Branca, segundo um funcionário do governo.
O comércio não é o único tópico da agenda. Os graves problemas de segurança internacional na região, como a ameaça da China de assumir Taiwan um dia ou a Coreia do Norte, também serão abordados.
O Japão, que tem cerca de 54.000 soldados americanos em seu território, principalmente na região de Okinawa, a leste de Taiwan, está preocupado com as ambições territoriais agressivas de Pequim.
Além disso, as tensões entre Pequim e Tóquio aumentaram nos últimos meses.
Até o momento Trump não adotou uma postura firme em relação à China em comparação ao seu antecessor democrata Joe Biden, mesmo que tenha se envolvido em uma disputa comercial com a segunda maior potência do mundo.
Até sexta-feira, o presidente dos EUA poupou o Japão em suas frequentes críticas contra aliados que, em sua opinião, "se aproveitam" dos Estados Unidos.
No entanto, nada sugere que ele recriará com o premiê japonês a cumplicidade que teve com o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado em 2022.
Recentemente, Trump recebeu a viúva de Abe para um jantar em sua residência na Flórida.
* AFP