Aos gritos de "nós somos o futuro!", vários líderes da extrema direita europeia, liderados por Viktor Orban e Marine Le Pen, pediram uma "virada de 180 graus" na política europeia, na esteira da onda trumpista, neste sábado (8), em Madri.
Sob o slogan "Make Europe Great Again" (Torne a Europa Grande Novamente), inspirado em "Make America Great Again" (Tornar os Estados Unidos Grandes Novamente), do presidente dos EUA, Donald Trump, que pede para restaurar a grandeza dos Estados Unidos, os líderes do grupo parlamentar Patriots for Europe se reuniram em um hotel próximo ao aeroporto de Madri.
Desde a eleição de Trump, "o mundo e a Europa estão experimentando uma aceleração da história", disse Marine Le Pen, líder do partido francês Reagrupamento Nacional (RN), na tribuna. "Estamos enfrentando uma mudança real", acrescentou.
Uma mensagem ecoada pelo primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, para quem "o tornado de Trump mudou o mundo".
"Uma era acabou. Ontem, nós éramos os hereges. Hoje, somos a corrente principal", disse ele.
Também estiveram na tribuna o vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini (A Liga), o ex-primeiro-ministro tcheco Andrej Babis (ANO) e Geert Wilders, às vezes apelidado de "Trump holandês", cujo Partido da Liberdade venceu as eleições de novembro passado.
O AfD alemão, que recebe regularmente os símbolos de apoio de Elon Musk, e os irmãos italianos da primeira-ministra Giorgia Meloni, o único líder europeu presente na posse do presidente dos EUA, não estavam em Madri, pois pertencem a outros grupos parlamentares europeus.
Aproveitando a reunião na capital espanhola, a líder da oposição venezuelana María Corina Machado enviou uma mensagem na qual agradeceu aos líderes pelo apoio e pela firme rejeição ao presidente Nicolás Maduro, cuja reeleição em julho passado é questionada por seus detratores.
"Vamos tirar esse regime do poder", mas "precisamos de vocês (...) É imperativo que as nações democráticas do mundo nos acompanhem com todos os seus esforços, com todas as suas ideias, com todas as suas ações para conseguir uma transição ordenada na Venezuela", disse Machado.
- Aproveitando a onda -
De acordo com o partido espanhol de direita radical Vox, que está organizando o evento, cerca de 2.000 pessoas participaram dessa reunião, convocada no dia seguinte a um jantar entre os líderes do Patriots for Europe e Kevin Roberts, presidente do think tank ultraconservador americano The Heritage Foundation.
O objetivo, de acordo com os organizadores, era "definir a estratégia a ser seguida" e afirmar as ambições do Patriots for Europe contra a Comissão Europeia, que é acusada de promover a "imigração ilegal" e o "fanatismo climático".
"É hora de dizer basta", enfatizou Salvini.
Para Steven Forti, especialista em extrema direita da Universidade Autônoma de Barcelona, o Patriots for Europe quer "aproveitar a longa onda da vitória de Trump" para redesenhar "os equilíbrios" dentro da UE.
O Patriots for Europe "tem um ponto em comum com Trump, que é querer enfraquecer a União Europeia", mas as posições do presidente americano também podem gerar 'tensões' entre os diferentes componentes da extrema direita europeia, explicou o pesquisador à AFP.
"A França não pode estar submetida aos Estados Unidos", advertiu Le Pen aos jornalistas antes da reunião.
- "Irmão de armas" -
"Trump, para nós, é um irmão de armas", avaliou o holandês Wilders, que pediu uma 'reconquista' da Europa pela extrema direita, uma referência às guerras travadas pelos reis católicos espanhóis contra os muçulmanos entre os séculos VIII e XV.
Junto com Trump, "nós somos o futuro!", exclamou Orban, visto como um dos aliados mais próximos do presidente dos EUA na Europa.
Com 86 dos 720 membros do Parlamento Europeu, o Patriots for Europe é a terceira maior força no Parlamento Europeu desde as eleições europeias de junho de 2024.
Mas está competindo em Bruxelas com dois outros grupos de extrema direita, os Conservadores e Reformistas Europeus (80 MEPs), liderados pelo partido de Giorgia Meloni, e a Europa das Nações e Liberdades (26), que conta com a AfD entre seus membros.
* AFP