O presidente da República Dominicana, Luis Abinader, anunciou, nesta quinta-feira (27), que declarou as gangues que aterrorizam o Haiti como "organizações terroristas", ao mesmo tempo em que criticou a "incapacidade" da comunidade internacional em lidar com a crise no país vizinho.
Abinader - no poder desde 2020 - fez sua prestação de contas perante o Congresso, a primeira de seu segundo mandato.
O governante manteve uma política linha dura em relação ao Haiti, com a construção de um muro na fronteira e deportações em massa, à medida em que a situação piora no país vizinho, onde as Nações Unidas relataram 5.600 homicídios cometidos pelas gangues em 2024.
"Infelizmente, hoje a situação de segurança no Haiti continua se deteriorando", lamentou Abinader, que anunciou um decreto "que declara como organizações terroristas as gangues criminosas haitianas".
"Qualquer pessoa pertencente a uma dessas gangues que entrar no território dominicano será perseguida, presa e julgada sob as leis antiterroristas do nosso país", alertou o presidente. "Nossas forças de segurança estão orientadas para agir com toda a severidade nesses casos".
O mandatário lamentou que a Missão Multinacional de Segurança (MMAS) - liderada pelo Quênia - "não tenha recebido o apoio necessário" e questionou "o desinteresse e a incapacidade da comunidade internacional em relação a essa tragédia".
O chefe da ONU, António Guterres, recomendou na quarta-feira ao Conselho de Segurança apoio logístico e financeiro para esta missão, embora tenha descartado, por enquanto, o envio de capacetes azuis.
A MMAS começou a se instalar em junho passado com pouco mais de 1.000 policiais de seis países, ainda distante dos 2.500 previstos.
A República Dominicana compartilha com o Haiti a ilha Hispaniola, com 340 km de fronteira.
Abinader indicou que o trecho do muro projetado para 2024 foi concluído em 90% e agora se estende por 176 km.
O governo iniciou a construção da barreira em 2021 e anunciou que buscará estendê-la por mais 11 km. Ao mesmo tempo, Abinader vai manter seus planos de deportação em grande escala, que desde outubro, quando iniciou o segundo mandato, somam 142.378 haitianos expulsos. Foram 276 mil expulsões somente em 2024.
* AFP