O Comitê Permanente de Defesa dos Direitos Humanos (CDH) denunciou, nesta terça-feira (4), 27 desaparecimentos forçados e um novo assassinato supostamente cometidos por militares no Equador, no contexto de uma política de combate rigoroso ao crime organizado.
Em uma tentativa de frear a crescente violência do narcotráfico, o governo do presidente Daniel Noboa ordenou que as forças de segurança iniciassem uma ofensiva contra os grupos criminosos.
Mas o CDH denuncia abusos e "padrões" como "arbitrariedade no momento da prisão" e "ações sem nenhum tipo de controle", que resultam em violações dos direitos humanos com a "participação direta de agentes do Estado".
"Até hoje encontramos 27 vítimas de desaparecimento forçado", acrescentou Fernando Bastias, advogado do CDH, em uma coletiva de imprensa na cidade Guayaquil (sudoeste).
A organização também denunciou o suposto assassinato de um adolescente de 14 anos por militares ocorrido no dia 30 de janeiro em Guayaquil. O menor estava jogando futebol com seu irmão e outros vizinhos quando uma operação teve início e houve disparos. Outros dois ficaram feridos.
Localizado na costa do Pacífico e com uma economia dolarizada, o Equador se tornou, há anos, uma rota atrativa para o narcotráfico.
Para enfrentá-lo, Noboa declarou o país em conflito armado interno, o que lhe permite colocar os militares nas ruas para combater as quadrilhas.
Em fevereiro do ano passado, um jovem de 19 anos que não tinha antecedentes criminais morreu após ser baleado por militares durante uma operação.
A esses casos se soma o de quatro menores que foram capturados por militares e cujos corpos foram encontrados queimados dias depois. As mortes causaram comoção, e 16 oficiais foram acusados de envolvimento com as execuções.
* AFP