As transformações em andamento no Oriente Médio representam o que pode ser a "última chance" para uma solução de dois Estados, um israelense e um palestino, disse uma autoridade da ONU nesta terça-feira (25), alertando em particular contra os pedidos de anexação da Cisjordânia ocupada.
"O Oriente Médio está passando por uma rápida transformação, cuja escala e impacto são incertos, mas que representa uma oportunidade histórica", disse ao Conselho de Segurança a enviada da ONU para o processo de paz na região, Sigrid Kaag.
"Os povos da região podem emergir deste período em paz, segurança e dignidade. Mas também pode ser nossa última chance de alcançar uma solução de dois Estados", ela alertou.
Nesse contexto, a continuação da colonização na Cisjordânia, as operações militares israelenses neste território palestino ocupado e "os apelos à anexação representam uma ameaça existencial à perspectiva de um Estado palestino viável e independente e, portanto, à solução de dois Estados", insistiu.
Kaag alertou que uma "retomada das hostilidades" em Gaza, onde um frágil cessar-fogo entre Israel e o Hamas está em vigor desde 19 de janeiro, "deve ser evitada a todo custo". Portanto, instou as partes a concluírem as negociações sobre a segunda fase do acordo de trégua.
Como a resolução do conflito só pode ser "política", a comunidade internacional deve garantir que "Gaza continue sendo parte integrante de um futuro Estado palestino" e de uma Gaza e Cisjordânia unificadas, incluindo Jerusalém Oriental.
"Não se pode falar de deslocamentos forçados", disse Kaag, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma proposta para tomar o controle de Gaza e retirar sua população do território.
"Os palestinos devem poder retomar suas vidas, reconstruir e construir um futuro para Gaza", afirmou.
Uma primeira estimativa rápida da ONU, do Banco Mundial e da União Europeia calcula o custo da reconstrução da Faixa de Gaza, devastada pela ofensiva israelense em retaliação ao ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro de 2023, em 53 bilhões de dólares (R$ 306 bilhões).
* AFP