O presidente Daniel Noboa comemorou, nesta segunda-feira (10), a liderança no primeiro turno da corrida presidencial do Equador por uma margem apertada sobre sua adversária, Luisa González, que voltará a enfrentar no segundo turno em 13 de abril.
"Vencemos o primeiro turno com todos os partidos do Velho Equador", comemorou, em nota, o presidente de 37 anos, quebrando o silêncio que manteve no dia da votação, no domingo.
Com 92% dos votos apurados, Noboa mantém a dianteira (44,31% dos votos), seguido de perto por González (43,83%), segundo uma contagem oficial.
O terceiro lugar ficou com o líder indígena Leonidas Iza, que recebeu 5,26% dos votos.
Dividido e imerso na violência do narcotráfico, o país vai definir no segundo turno o futuro presidente em um novo confronto entre Noboa e González. Ambos se enfrentaram em segundo turno nas eleições atípicas de 2023.
"Foi uma briga de Davi contra Golias", disse González em entrevista com a Teleamazonas, depois de admitir um "empate técnico".
Afilhada política do ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017), a candidata de 47 anos pretende se tornar a primeira mulher presidente do Equador.
- "Mudança" -
Os equatorianos votaram em meio ao fogo cruzado de gangues criminosas, que lutam pelo controle do tráfico de cocaína, e sobrecarregados por uma crise econômica.
A população sente os efeitos de um Estado endividado, com uma taxa de pobreza de 28% e focado em financiar a custosa guerra às drogas. Em 2023, o país registrou um recorde de 47 homicídios por 100.000 habitantes, mas após 14 meses de governo de Noboa, essa taxa caiu para 38/100.000, segundo informações oficiais.
"Vencemos e demos o passo mais importante de todos: consolidar uma Assembleia diferente transformando-nos na primeira força, capaz de trabalhar por vocês", afirmou Noboa, cujo partido, ADN, lidera a apuração para o Congresso, com 40,35% dos votos nas eleições provinciais e 43,52% nas nacionais.
O presidente esperava ser reeleito no primeiro turno, confiante na popularidade obtida com sua política de linha-dura no combate às drogas, combinada com uma imagem de frescor juvenil nas redes sociais.
O resultado "demonstra que as pessoas querem uma mudança, que não estão dispostas a suportar quatro anos mais do que estamos vivendo neste ano e meio", disse González.
Noboa chegou ao poder em 2023 em eleições antecipadas, depois que o então presidente Guillermo Lasso dissolveu o Congresso para escapar de ser destituído em um julgamento político por corrupção. Ele se tornou um dos presidentes mais jovens do mundo.
"A situação do país está muito crítica, muita insegurança, pouco trabalho, muita gente que vai embora", opinou Luis Briones, um engenheiro de 56 anos.
- "Enterrar o correísmo" -
Noboa venceu na região andina, em três províncias amazônicas e em Galápagos.
"Queremos enterrar o correísmo e não ter mais que depender do Estado em absoluto e que o socialismo acabe porque causou muitíssimo dano na América Latina", disse à AFP Alexandra, uma psicóloga de 44 anos que preferiu não revelar seu sobrenome.
O partido Revolução Cidadã, alinhado a Correa, venceu nas províncias costeiras e em duas amazônicas. "Batemos a votação histórica da Revolução Cidadã dos últimos dez anos", disse González.
No Equador, onde ainda há uma clara dicotomia entre o correísmo e o anticorreísmo, o segundo turno entre Noboa e González divide o país entre a volta da esquerda ao poder e a continuidade do jovem presidente, que se autodefine como de centro esquerda, mas dialoga com uma política econômica neoliberal.
Correa está refugiado na Bélgica desde que deixou o poder em 2017. Foi julgado à revelia por corrupção, condenado a oito anos de prisão e é alvo de uma ordem de captura. O ex-presidente nega todas as acusações.
* AFP