Indígenas peruanos denunciaram nesta quinta-feira (20) que garimpeiros que extraem ouro ilegalmente utilizam crianças como escudos humanos para proteger suas dragas das operações das autoridades.
"Os garimpeiros ilegais utilizam nossas crianças de 5 a 10 anos como escudos humanos" quando há ações repressivas, disse o presidente do governo autônomo da nação Wampis, Teófilo Kukush.
O líder indígena assinalou que essa situação coloca a vida e a segurança dos menores em grave perigo, e responsabilizou pequenos garimpos ilegais que extraem ouro em dragas na bacia do rio Santiago, no departamento de Amazonas.
Também denunciou que "os garimpeiros ilegais engravidam meninas menores de idade e contaminam rios e peixes".
O dirigente solicitou ao governo declarar emergência no território dos Wampis para facilitar a remoção dos garimpos pela polícia.
Kukush chegou a Lima com outras autoridades locais do Amazonas, um departamento situado na fronteira entre Peru e Equador, para denunciar a situação.
"Não viemos para mentir, viemos para contar a realidade que estamos vivendo em nosso território."
O presidente do Conselho de Ministros, Gustavo Adrianzén, reprovou a ação dos garimpeiros, afirmando que o governo não vai tolerar o abuso contra as crianças Wampis.
"Não vamos tolerar que, por qualquer razão, utilizem nossos meninos e meninas como escudo. Isso apenas evidencia a crueldade dos garimpeiros ilegais", declarou Adrianzén.
As forças da ordem realizam constantemente operações de destruição de dragas ilegais na Amazônia.
Cerca de 16 mil wampis vivem em um território de 1,3 milhão de hectares nas regiões de Loreto e Amazonas.
* AFP