Líderes dos países-membros do bloco regional de esquerda Alba pediram, nesta segunda-feira (3), em uma cúpula virtual promovida pela Venezuela, "respeito" aos migrantes, em meio às deportações em massa iniciadas pelos Estados Unidos após o retorno do republicano Donald Trump à Casa Branca.
Ao abrir o encontro de chefes de Estado e de Governo da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba), realizado em Caracas, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, propôs uma "coordenação para exigir respeito aos migrantes" e, no caso de deportações, "garantir" seu "retorno digno a nossos países".
Embora sua reeleição no ano passado não seja reconhecida por Washington, Maduro recebeu no sábado um enviado especial de Trump, Richard Grenell, e aceitou receber venezuelanos deportados.
O governo americano lançou uma campanha agressiva de deportações, expulsando centenas de migrantes, muitos deles detidos e algemados.
Em sua intervenção, o presidente da Bolívia, Luis Arce, expressou sua rejeição a "discursos de ódio e xenofobia" e questionou o tratamento a deportados como "criminosos".
"É inaceitável a deportação violenta e discriminatória de migrantes", afirmou, por sua vez, Miguel Díaz-Canel, presidente de Cuba, poucos dias depois de Trump revogar a decisão da administração do democrata Joe Biden de excluir a ilha caribenha da lista de países patrocinadores do terrorismo dos Estados Unidos.
Também está em discussão nesta cúpula uma proposta de Maduro para "estabelecer um sistema de créditos" destinado à "reinserção" de migrantes que retornem aos países integrantes da aliança.
A Alba foi criada em 2004 pelos falecidos líderes socialistas Fidel Castro (Cuba) e Hugo Chávez (Venezuela) como resposta ao fracassado projeto dos Estados Unidos de criar a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Sua influência, no entanto, diminuiu após a morte de Chávez, em 2013.
Atualmente, a aliança é integrada por Antígua e Barbuda, Bolívia, Cuba, Dominica, Granada, Nicarágua, São Cristóvão e Névis, São Vicente e Granadinas e Santa Lúcia.
Antigos membros como Equador e Honduras retiraram-se do bloco.
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* AFP