A África do Sul denunciou, neste sábado (8), a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de congelar a ajuda ao país em retaliação a uma lei de expropriação de terras que, segundo ele, discrimina agricultores brancos.
"Estamos preocupados com o que parece ser uma campanha de desinformação e propaganda", disse o governo sul-africano, enfatizando que "a premissa subjacente deste decreto é factualmente imprecisa e não reconhece a profunda e dolorosa história de colonialismo e apartheid da África do Sul".
Nos últimos dias, a presidência sul-africana negou que o objetivo da lei seja "confiscar terras", como Trump acusou.
O governo sul-africano disse que era "decepcionante notar que tais narrativas parecem ter encontrado aceitação entre os tomadores de decisão nos Estados Unidos da América".
A lei "permitiria que o governo da África do Sul confiscasse propriedades agrícolas de minorias étnicas africâneres sem compensação", disse Trump em uma ordem executiva, na qual destacou os conflitos de política externa dos dois países em relação à guerra de Gaza.
A propriedade da terra é uma questão controversa na África do Sul, onde a maior parte das terras agrícolas continua sendo propriedade de brancos três décadas após o fim do apartheid e o governo está sob pressão para implementar reformas.
O presidente, Cyril Ramaphosa, disse que seu país "não será intimidado" pelas críticas de Washington.
"Não seremos desencorajados. Como sul-africanos, somos um povo resiliente. E não seremos intimidados", disse o chefe de Estado aos parlamentares sul-africanos reunidos na Cidade do Cabo, onde se dirigiu à nação em um discurso marcando o início do ano parlamentar.
Embora o presidente da maior economia da África não tenha mencionado especificamente os Estados Unidos, seus comentários se referiram à "ascensão do nacionalismo, do protecionismo, da busca por interesses de segurança e do declínio da solidariedade".
* AFP