O preço do ouro atingiu um recorde nesta quinta-feira (30), funcionando como um valor de refúgio diante das incertezas em torno da política econômica de Donald Trump, e impulsionado pela desvalorização do dólar após dados decepcionantes sobre o crescimento econômico dos Estados Unidos.
Segundo Susannah Streeter, especialista em mercados da Hargreaves Lansdown, "os investidores estão se refugiando [no ouro] para enfrentar uma tempestade de imprevisibilidade", especialmente devido às ameaças de tarifas lançadas por Trump.
O presidente americano anunciou sua intenção de taxar, a partir de 1º de fevereiro, em 25% os produtos provenientes do Canadá e do México, que teoricamente estão protegidos por um acordo de livre-comércio, e em 10% os produtos chineses.
Nesta quinta-feira, o preço do ouro superou 2.798 dólares (16.508 reais) por onça, ultrapassando os 2.790,10 dólares (16.461 reais) registrados no final de outubro.
A política comercial protecionista prometida por Trump teoricamente tornaria o dólar mais atraente, já que poderia impulsionar a inflação e, consequentemente, forçar o Federal Reserve (Fed, o banco central) a manter suas taxas de juros em um nível alto.
De fato, a instituição monetária decidiu recentemente manter suas taxas inalteradas.
No entanto, o dólar sofreu uma queda nesta quinta-feira após um crescimento ligeiramente inferior ao esperado no quarto trimestre, apontou à AFP Kathleen Brooks, analista da XTB.
Esse é um sinal de uma economia americana mais fraca do que o previsto, o que poderia incentivar o Fed a apoiar a economia com uma redução das taxas de juros.
A desvalorização da moeda americana e dos rendimentos dos títulos do governo dos EUA, ativos concorrentes do ouro como refúgio seguro, está levando os investidores a optar pelo metal precioso.
O ouro também é visto como uma forma de proteção "contra as oscilações dos mercados de ações", explica Streeter.
Os mercados foram agitados nesta semana pelo modelo de inteligência artificial desenvolvido pela startup chinesa DeepSeek, que "ameaça potencialmente a dominação do Vale do Silício", provocando uma queda nas ações das empresas de tecnologia americanas.
* AFP