O vice-presidente do Irã, Mohammad Javad Zarif, declarou nesta quarta-feira (22) que o ataque do movimento islamista palestino Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023 "destruiu" as negociações para reativar o acordo sobre o programa nuclear iraniano.
"Não sabíamos do 7 de outubro", garantiu Zarif no Fórum Econômico Mundial de Davos, que acontece ao longo desta semana na Suíça.
"Teríamos uma reunião com os americanos sobre a renovação do JCPOA em 9 de outubro, mas ela foi prejudicada e destruída por essa operação", acrescentou.
JCPOA é a sigla em inglês para o Plano de Ação Conjunto Global, que foi assinado em 2015 entre Teerã e as grandes potências ocidentais, incluindo os Estados Unidos.
O JCPOA previa um alívio das sanções internacionais contra o Irã em troca de garantias de que o país não tentaria desenvolver uma bomba atômica.
Mas o acordo perdeu força em 2018, quando Donald Trump, então presidente dos Estados Unidos, retirou seu país do tratado e restabeleceu as sanções contra a República Islâmica.
Os aliados de Teerã na região, incluindo o Hamas, "sempre trabalharam em causa própria, até mesmo às nossas custas", afirmou Zarif, que também foi ministro das Relações Exteriores e arquiteto do acordo nuclear pela parte iraniana.
O ataque do Hamas desencadeou uma implacável ofensiva israelense na Faixa de Gaza.
A violência também se espalhou pelo Oriente Médio. O Irã, que apoia o Hamas, lançou vários ataques contra Israel em solidariedade aos palestinos, enquanto os israelenses revidaram com bombardeios ao território iraniano.
Teerã sempre negou o interesse em desenvolver armas nucleares e afirma que seu programa tem fins estritamente civis. "Se quiséssemos construir uma arma nuclear, poderíamos ter feito isso há muito tempo", enfatizou Zarif em Davos.
O Irã declarou repetidamente seu desejo de reativar o acordo, enquanto Zarif expressou sua esperança de que Trump seja "mais sério" e "mais realista" em suas relações com o país neste segundo mandato.
* AFP