A agência policial europeia Europol anunciou, nesta quinta-feira (13), o desmantelamento de uma grande rede sul-americana de tráfico internacional de cocaína na Europa, ao final de uma investigação realizada do Brasil à Espanha, passando pela Turquia, que levou à apreensão de 8 toneladas de cocaína e a 40 prisões.
"A rede criminosa operava a partir de Dubai e da Turquia, organizando o tráfico de várias toneladas de cocaína da América do Sul para toda a UE", explicou a Europol em um comunicado após uma operação que durou três anos e na qual participaram forças policiais de mais de dez países.
Segundo a Europol, a fase final desta operação começou com a descoberta, em agosto de 2023, pela Guarda Civil espanhola, de 700 quilos de cocaína em um barco tripulado por croatas e italianos no arquipélago espanhol das Ilhas Canárias.
Com base na análise de suas comunicações e trocas de informações com outras forças policiais, os investigadores encontraram vínculos com apreensões anteriores, o que permitiu identificar as pessoas por trás delas, originárias dos Bálcãs.
No total, 40 pessoas foram presas em seis países, incluindo Espanha e Brasil. Dois croatas, de alto escalão na organização, foram presos no final de 2023 em Istambul.
As últimas quatro detenções ocorreram na quarta-feira no sul da Espanha, entra elas um homem de 40 anos na província de Málaga em uma operação que teve a cobertura de um repórter da AFP.
Segundo a agência, a polícia recuperou oito toneladas de cocaína em diversas operações nos últimos três anos.
- Golpe nos carteis balcânicos -
"Essa é uma das maiores operações contra os cartéis dos Bálcãs até agora", disse Tomislav Stambuk, chefe da unidade de controle de drogas da Polícia Nacional da Croácia, em entrevista coletiva em Madri.
Stambuk explicou que esse clã é formado por "inúmeras células criminosas", que é "muito ativo e violento" e que é responsável por metade da cocaína que chega à Europa.
"No final, eles ainda são grupos que operam e dominam áreas da Europa", disse o tenente-coronel da Guarda Civil, Óscar Esteban Remacha, descrevendo o cartel dos Bálcãs como um "guarda-chuva" para várias organizações.
Robert Fay, chefe da unidade de drogas da Europol, saudou a cooperação internacional para essa operação, mas reconheceu a preocupação com o impacto do tráfico de drogas.
"Vemos ataques, assassinatos, assassinatos profissionais, tiroteios acontecendo quase todos os dias na União Europeia, em todos os Estados-membros europeus, e isso é algo que nos preocupa", disse Fay.
A rede desmantelada orquestrou "o tráfico de várias toneladas de cocaína da Colômbia, Brasil e Equador para a UE".
Suas remessas marítimas "passavam por centros de logística na África Ocidental e nas Ilhas Canárias" a caminho da Europa.
"Depois que as drogas chegaram à UE, os suspeitos usaram centros de manuseio na Bélgica, Croácia, Alemanha, Itália e Espanha para continuar a distribuir cocaína em toda a Europa", acrescentou o texto.
Pelo menos um dos croatas presos em Istambul atuou como "corretor", jargão da polícia para a pessoa que tem os contatos e atua como coordenador.
Esse corretor "tinha seus próprios fornecedores [de cocaína] no Brasil, depois tinha a infraestrutura na África Ocidental para armazená-la lá e depois transportá-la para as Ilhas Canárias ou outros pontos na Europa", explicou o tenente-coronel Remacha.
O fornecedor de drogas no Brasil era a poderosa organização criminosa PCC, Primeiro Comando da Capital, explicou a polícia.
* AFP