O julgamento de Javier Tarazona, ativista dos direitos humanos detido na Venezuela em julho de 2021 e acusado de "terrorismo", foi reiniciado nesta terça-feira (21) pela terceira vez com um pedido da defesa pela anulação do processo.
O tribunal convocou uma nova audiência para 5 de dezembro, apesar do recurso de anulação interposto contra o caso que mantém Tarazona preso.
"É um julgamento político. É uma acusação genérica, não há fatos concretos. É uma situação implausível", disse à AFP o advogado de defesa Miguel Forero, após concluir a audiência.
O primeiro processo contra ele teve uma primeira audiência em agosto de 2022, após 13 adiamentos, mas foi interrompido em outubro por descumprimento dos prazos legais para sua continuidade. O segundo, aberto em dezembro de 2022, teve o mesmo destino.
Tarazona, conhecido pelo seu papel na denúncia de confrontos entre forças militares e grupos guerrilheiros em zonas fronteiriças, é julgado junto com outros dois ativistas sob acusações de "terrorismo", "incitação ao ódio" e "traição à pátria".
Seu irmão Rafael Tarazona e Omar de Dios García, membros da FundaRedes, ONG que Javier preside, são seus dois colegas julgados, mas em liberdade. Eles precisam se apresentar aos tribunais a cada 15 dias.
Tarazona é uma das figuras mais emblemáticas dos cerca de 300 "presos políticos" na Venezuela, segundo organizações de direitos humanos, cuja libertação é pedida pela Anistia Internacional.
Com presença na maioria dos estados de fronteira, a FundaRedes alertou em 2021 sobre confrontos entre grupos ilegais colombianos e o Exército venezuelano.
A organização acusou o governo do presidente Nicolás Maduro de abrigar líderes guerrilheiros colombianos na Venezuela. Também afirmou que o governo venezuelano tem ligações com o Exército de Libertação Nacional (ELN).
A Venezuela compartilha uma fronteira porosa com a Colômbia de mais de 2.200 quilômetros, duramente atingida pelo tráfico de drogas, o contrabando e grupos armados.
* AFP
