O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, expressou preocupação, nesta quinta-feira (9), em Israel, com a multiplicação de atos de violência cometidos por colonos judeus contra palestinos na Cisjordânia e advertiu que estes incidentes podem gerar mais insegurança.
Antes da chegada de Austin, três palestinos foram mortos a tiros por agentes da polícia fronteiriça israelense à paisana na Cisjordânia ocupada, onde a violência aumenta apesar do apelo da ONU à moderação.
Ao fim do dia desta quinta-feira, um homem atirou e feriu três pessoas em uma rua de Tel Aviv, em um ataque que a polícia qualificou de um "atentado terrorista".
As autoridades informaram que o autor do ataque foi "eliminado".
Horas antes, Austin afirmou, em coletiva conjunta com o ministro da Defesa israelense, Yoav Galant, o compromisso inabalável dos Estados Unidos com a segurança de Israel.
"Estou aqui como um amigo, que está plenamente comprometido com a segurança do Estado de Israel, mas os Estados Unidos continuam firmemente contrários a qualquer ato que possa gerar mais insegurança, inclusive a expansão dos assentamentos e a retórica inflamatória", disse Austin em uma coletiva de imprensa no aeroporto de Tel Aviv, ao lado do ministro da Defesa israelense, Yoav Galant.
"Estamos especialmente preocupados com os atos de violência dos colonos contra palestinos e vamos continuar nos opondo a estes atos", que possam acarretar maior insegurança e comprometer uma saída política para o conflito, declarou o chefe do Pentágono.
No entanto, horas antes da chegada do funcionário americano a Israel, o Ministério da Saúde palestino informou o "martírio" (morte) de três homens, mortos por disparos das forças israelenses em Jaba, perto da cidade de Jenin (norte), na Cisjordânia, epicentro da violência entre colonos e palestinos.
"Tivemos uma conversa muito franca e sincera entre amigos sobre a necessidade de reduzir a tensão e restabelecer a calma, especialmente antes das festividades da Páscoa judaica e do Ramadã", (mês de jejum sagrado para os muçulmanos), acrescentou.
Ele também fez um apelo "aos dirigentes palestinos para que combatam o terrorismo".
- Preocupação com o Irã -
Ao se reunir com Austin no aeroporto Ben Gurion, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que Israel e Estados Unidos "têm uma agenda comum de impedir que o Irã obtenha armas nucleares".
Austin respondeu: "Estamos absolutamente comprometidos com a segurança de Israel."
Os protestos forçaram mudar de última hora do local da conversa com Austin.
Milhares de israelenses contrários aos planos de reforma legal do governo de extrema direita de Netanyahu bloquearam as vias de acesso ao aeroporto israelense Ben Gurion e arredores.
Um deles, Ori Gal, de 18 anos, disse que protestava contra "a ditadura que emerge do esgoto" e "ameaça a democracia israelense".
Também houve manifestações menores em outros pontos do país, obrigando Netanyahu a se deslocar ao aeroporto de helicóptero ao invés de fazê-lo de carro.
Os críticos aos planos de reforma, que dariam aos políticos mais poder sobre os tribunais, protestam há nove semanas seguidas contra o que consideram uma ameaça à democracia.
- Aumento da violência na Cisjordânia -
A violência está em ascensão na Cisjordânia, coincidindo com o início do governo de coalizão de Netanyahu, que tomou posse em dezembro e é considerado o mais à direita da história de Israel.
O Ministério da Saúde palestino identificou os mortos como Sufyan Fakhoury, de 26 anos, Ahmed Fashafsha, de 22, e Nayef Malaysha, de 25.
Segundo a polícia israelense, forças especiais acompanhadas de soldados estiveram em Jaba para deter suspeitos envolvidos em ataques a tiros contra soldados na área, incluindo Fakhoury e Fashafsha.
"Durante a operação, foram feitos disparos contra os agentes da polícia de fronteira infiltrados [...] Responderam atirando e mataram três homens armados no carro", informou a polícia.
"No veículo foram encontradas várias armas e artefatos explosivos", acrescentou.
Na terça-feira, uma batida do Exército israelense em Jenin deixou sete palestinos mortos, entre eles um membro do Hamas acusado de ter matado dois colonos israelenses no mês passado.
O enviado da ONU para a paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, pediu na quarta "calma e moderação" tanto a Israel quanto aos palestinos, afirmando que o "ciclo de violência [...] deve parar imediatamente".
Desde o começo do ano, a violência matou 75 palestinos, entre eles vários civis, adultos e crianças.
Por outro lado, treze adultos e crianças israelenses, incluindo membros das forças de segurança e civis, assim como uma civil ucraniana, morreram no mesmo período, segundo contagem da AFP baseada em fontes oficiais das duas partes.
* AFP