O presidente do Chile, Gabriel Boric, trocou sua chanceler e outros quatro ministros, nesta sexta-feira (10), em uma renovação de seu gabinete que busca melhorar seu governo, um ano depois de assumir o poder.
Após a dura derrota sofrida esta semana no Congresso pela rejeição de uma reforma tributária considerada fundamental por seu governo, Boric disse que fez ajustes em sua equipe com foco em melhorar a gestão e equilibrar as forças da coalizão de esquerda que o acompanha.
"O que me motiva a fazer estas mudanças (...) não são pressões políticas ou pequenas compensações, o objetivo destas alterações é a nossa capacidade de resposta e melhorar a gestão", declarou o presidente na cerimônia de posse no palácio de La Moneda.
Esta é a segunda mudança de gabinete que Boric faz em seu primeiro ano de governo, marcado por um início turbulento e a gradual recuperação da normalidade no país após anos de atritos e incertezas.
A renovação chegou aos ministérios das Relações Exteriores, Obras Públicas, Cultura, Esportes e Ciências. Boric também fez mudanças em 15 subsecretarias.
"É um ajuste, não é uma mudança estrutural. Avança na direção de construir novos equilíbrios na coalizão de governo", explica à AFP Marcelo Mella, cientista político da Universidade de Santiago.
A nova composição muda a hegemonia das mulheres no gabinete e agora há paridade: 12 ministras e 12 ministros. Antes havia 14 mulheres e 10 homens no gabinete ministerial.
Boric, no entanto, deixa intacta a Comissão Política e a equipe econômica, que tem conseguido mostrar bons números em nível local.
- Valorização da experiência -
Melhorar a gestão se tornou urgente após o forte revés que o governo sofreu na quarta-feira com a rejeição da Câmara dos Deputados à reforma tributária, fundamental para financiar o programa de reformas sociais pretendido por Boric.
O programa, por meio do qual se buscava arrecadar o equivalente a 3,6 pontos do PIB, foi recusado com os votos da direita opositora e a ausência de legisladores de esquerda.
Diferentemente de jovens com pouca experiência política que integraram seu primeiro gabinete, em suas duas mudanças ministeriais Boric optou por políticos mais experientes.
"Boric está valorizando a experiência", disse Mella. "O fator experiência é um elemento relevante para melhorar a gestão em cada uma das áreas do governo", acrescentou.
O ex-vice-secretário de Relações Exteriores do primeiro governo de Michelle Bachelet (2006-2010) e representante do Chile na Corte Internacional de Justiça de Haia, Alberto van Klaveren, substituirá a ex-chanceler Antonia Urrejola.
Urrejola estava no cargo desde o início do governo. Este ano, sua gestão foi marcada pela marca deixada pelo Chile em matéria de política externa, pela qual Boric não hesitou em classificar como "ditadura" o governo de Daniel Ortega na Nicarágua, além de fazer duras críticas ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
Mas alguns problemas na chancelaria, como o vazamento de um áudio em que o embaixador argentino no Chile é descrito em termos pejorativos, selaram a saída de Urrejola.
O Ministério de Obras Públicas ficará a cargo de Jessica López, ex-presidente do Banco Estado, enquanto o ex-jogador de futebol Jaime Pizarro assumirá a pasta de Esportes. A advogada Aisén Etcheverry irá chefiar o Ministério das Ciências e o ex-diretor de Televisão Nacional Jaime de Aguirre irá liderar a Cultura.
A advogada Aisén Etcheverry ficará a cargo do Ministério das Ciências.
* AFP