A audiência do diretor da estação de Lárissa, apontado como responsável pela pior catástrofe ferroviária da Grécia, foi adiada para domingo (05), enquanto o país preparava novos protestos neste sábado (04), após o acidente que deixou pelo menos 57 mortos.
Desde o choque entre os dois trens na terça-feira (28), milhares de manifestantes foram às ruas contra a falta de medidas de segurança na rede ferroviária grega.
"O que aconteceu não foi um acidente, foi um crime!", exclamou Sofía Hatzopoulou, 23 anos, estudante de filosofia em Tessalônica. A jovem defendeu que "não podemos assistir isso tudo acontecendo e permanecer indiferentes".
O trem transportava muitos estudantes que voltavam de um fim de semana prolongado. Pelo menos nove estudantes da Universidade Aristóteles de Tessalônica foram mortos enquanto outros 26 ficaram feridos.
O diretor da estação de Lárissa (centro) admitiu sua responsabilidade na colisão entre um trem de passageiros e um comboio de mercadorias, que percorreram vários quilômetros na mesma via da linha Atenas-Tessalônica.
De acordo com seu advogado, o acusado de 59 anos deveria comparecer ao tribunal neste sábado, onde poderia enfrentar acusações de homicídio por negligência, mas a audiência foi adiada para domingo. Caso seja declarado culpado, o réu pode ser condenado a prisão perpétua.
O advogado do diretor, Stefanos Pantzartzidis, disse à AFP que "há novos elementos importantes que devem ser examinados".
A emissora estatal ERT informou que o homem havia sido nomeado para o cargo apenas 40 dias antes do acidente e após três meses de treinamento.
O jornal Kathimerini noticiou que o homem, cuja identidade não foi divulgada, aparentemente trabalhava sozinho, sem nenhum supervisor, apesar do intenso tráfego ferroviário por conta de um feriado.
- Operação policial -
Segundo fontes judiciais, as investigações pretendem determinar possíveis responsabilidades criminais de integrantes da diretoria da Hellenic Train Company.
Arquivos de áudio e outros objetos foram apreendidos durante uma operação na estação de Lárissa, perto de onde ocorreu o acidente, indicou uma fonte judicial à AFP.
O primeiro-ministro, Kyriakos Mitsotakis, que espera se reeleger em alguns meses, culpou o desastre por um "trágico erro humano". Já as manifestações em Atenas, Tessalônica e outras cidades culpam as autoridades.
Centenas de pessoas fizeram um minuto de silêncio em frente ao Parlamento grego. A polícia de choque e um pequeno grupo de manifestantes entraram em confronto no centro de Atenas.
O serviço ferroviário na Grécia está paralisado desde quinta-feira (02), devido a uma greve dos seus trabalhadores. Para eles, a má gestão das sucessivas administrações contribuiu para a colisão.
Os sindicatos dizem que os problemas de segurança na linha entre Atenas e Tessalônica são conhecidos há anos.
A rede ferroviária de 2.552 quilômetros da Grécia é afetada há décadas pela má gestão, manutenção precária e equipamentos obsoletos.
Após a renúncia do ministro dos Transportes na quarta-feira, o substituto Giorgos Gerapetritis prometeu uma "avaliação completa do sistema".
* AFP