O Panamá alertou nesta quinta-feira (16) que "levará tempo" para identificar os migrantes mortos em um dos piores acidentes de ônibus de sua história, cujos corpos foram armazenados em um caminhão refrigerado depois que a capacidade do necrotério foi excedida.
Cerca de 40 migrantes morreram e 20 ficaram feridos depois que o ônibus que os levava à fronteira com a Costa Rica saiu de sua rota, na manhã desta quarta-feira, em Gualaca, província de Chiriquí, cerca de 400 km a oeste da Cidade do Panamá.
O ônibus transportava os migrantes de Darién, perigosa selva que faz fronteira com a Colômbia ao sul, até um abrigo que os hospedaria nessa localidade no oeste do Panamá, antes de retomarem a viagem, sem visto, rumo aos Estados Unidos.
No veículo, parte da frota organizada pelo governo para tentar canalizar o fluxo migratório, estavam 66 estrangeiros e dois motoristas panamenhos, um dos quais morreu.
O veículo sofreu um acidente ao perder o controle em uma curva e bater em uma pedra e outro veículo muito próximo ao abrigo, após quase 14 horas de viagem.
- Faltam dados -
Autoridades deram versões diferentes sobre o número de mortos. "Como já sabemos, o número de mortos chega a 40 cidadãos estrangeiros", disse Juan García, assessor do Serviço Nacional de Migração, ao canal Telemetro.
"Nessa viagem, havia cidadãos estrangeiros de nacionalidade equatoriana, venezuelana, haitiana, cubana", acrescentou.
No entanto, o Ministério Público (MP) considera que, por causa do estado dos corpos, ainda não é possível fornecer um número exato. "Este processo levará tempo, (...) o estado dos corpos e a falta de dados ante-mortem dificultam a realização de perícias, especialmente no que diz respeito à identificação", explicou o Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses, subordinado ao MP.
"Serão necessárias informações dos países de origem dos migrantes", como impressões digitais, registros odontológicos e amostras de DNA de parentes, acrescentou o instituto.
"Não podemos dar uma precisão exata do número de vítimas fatais, porque há uma situação muito complexa e há desmembramentos" dos corpos de alguns dos falecidos, afirmou a promotora superior de Chiriquí, Melissa Navarro, em comunicado enviado à AFP. "Falamos sobre a remoção de 37 restos mortais até o momento", apontou.
O governo panamenho não especificou a nacionalidade das vítimas. Cuba, Colômbia e Equador confirmaram a morte de vários de seus cidadãos.
A Cruz Vermelha do Panamá, que doou sacos mortuários ao necrotério de David, informou que tenta entrar em contato com familiares das vítimas fatais e dos feridos. "Estamos com ações de restabelecimento do contato familiar, para que os parentes no exterior possam ter informações sobre seus entes queridos", disse a repórteres Leo Dan Berrios, diretor regional da Cruz Vermelha para as províncias panamenhas de Chiriquí, Veraguas e Bocas del Toro.
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* AFP