O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se reuniu nesta quarta-feira (22) com autoridades da Otan e do Leste Europeu em Varsóvia, onde se comprometeram a fortalecer a defesa da Ucrânia, um ano após o início da invasão russa.
Enquanto isso, o secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou a invasão russa durante uma sessão especial da Assembleia Geral da entidade sobre a guerra.
Biden se reuniu com o chefe da Otan, Jens Stoltenberg, e líderes de nove países da organização que pertenceram à União Soviética ou ao Pacto de Varsóvia durante a Guerra Fria (Bulgária, Eslováquia, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Polônia, República Tcheca e Romênia).
Em um comunicado após a reunião, os participantes prometeram "reforçar nossa postura de dissuasão e defesa em todo o flanco oriental, do Báltico ao mar Negro".
Stoltenberg defendeu "interromper o ciclo de agressão russa" e "dar à Ucrânia o que ela precisa para vencer" a guerra, nas vésperas do primeiro aniversário do início da invasão, em 24 de fevereiro.
"Não podemos deixar que a Rússia continue minando a segurança europeia", enfatizou Stoltenberg.
Também nesta quarta-feira, a Assembleia Geral da ONU realizou uma sessão especial para discutir uma moção apoiada por Kiev e seus aliados pedindo uma "paz justa e duradoura".
"O primeiro aniversário da invasão da Ucrânia pela Rússia representa um marco sombrio para o povo ucraniano e para a comunidade internacional. Essa invasão é uma afronta à nossa consciência coletiva", declarou António Guterres, que ressaltou seu temor de um recrudescimento do conflito.
Putin, por sua vez, defendeu a operação russa na Ucrânia, durante um evento patriótico no estádio Luzhniki, em Moscou.
"Hoje, a hierarquia (militar) me disse que estamos lutando por nosso povo em nossas terras históricas", declarou Putin diante de dezenas de milhares de russos.
Putin acusou na terça-feira os países ocidentais de usar o conflito na Ucrânia para "acabar com" a Rússia e lhes atribuiu a "responsabilidade de alimentar o conflito ucraniano e suas vítimas".
- Mediação chinesa -
Horas depois, Biden respondeu, em seu discurso em Varsóvia, que "o Ocidente não conspira para atacar a Rússia, e garantiu que o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia "nunca vacilará". "A Ucrânia nunca será uma vitória para a Rússia", afirmou.
Desde o início da guerra, os bombardeios russos destruíram cidades inteiras e infraestruturas de energia da Ucrânia.
Nos últimos meses a Rússia enfrentou vários contratempos no leste, mas tenta compensar com a tomada da cidade de Bakhmut, sitiada e assolada por bombas há semanas.
Putin apostava em uma guerra rápida, mas encontrou uma resistência feroz, apoiada por entregas de armas e ajuda financeira das potências ocidentais.
Segundo uma pesquisa do instituto Ukraine Rating Group, 95% dos ucranianos acreditam em uma vitória contra a Rússia.
Putin já havia se encontrado com o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, cujo país se ofereceu para mediar o conflito com a Ucrânia.
"Os interlocutores chineses nos comunicaram suas reflexões sobre as causas profundas da crise ucraniana, além de suas propostas para uma solução política", mas "nenhum 'plano' em separado foi discutido", destacou o Ministério das Relações Exteriores.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, expressou na terça-feira um interesse cauteloso em tal iniciativa, mas alertou que deve ser respeitado "o princípio da integridade territorial" de seu país.
A Rússia anexou a península da Crimeia em 2014 e, no início da guerra, proclamou sob sua soberania os territórios da bacia de mineração do Donbass, no leste da Ucrânia.
Um funcionário do alto escalão ucraniano disse à AFP nesta quarta-feira que a potência asiática elaborou sua iniciativa "sem consultar" a Ucrânia.
Wang Yi rechaçou as suspeitas ocidentais de que a China poderia fornecer armas à Rússia para continuar a guerra na Ucrânia.
"Não seremos submersos por ameaças ou pressões de terceiros", disse Wang.
* AFP