A Al Azhar, uma das instituições sunitas mais respeitadas do Islã com sede no Egito, convocou um "boicote aos produtos suecos e holandeses" depois que ativistas de extrema direita profanaram exemplares do Corão durante o fim de semana passado na Suécia e Holanda.
Como parte de uma manifestação autorizada pela polícia, o sueco-dinamarquês de extrema direita Rasmus Paludan queimou no sábado (21) um exemplar do Corão perto da embaixada da Turquia, na Suécia.
Já nas proximidades do Parlamento da Holanda, uma gravação mostra um Corão sendo rasgado e pisoteado no domingo (22) por um responsável do movimento islamofóbico Pegida, que agia sozinho.
De acordo com a emissora pública holandesa NOS, a polícia local o impediu de queimar o livro.
O governo da Turquia e outros países muçulmanos protestaram fortemente contra os atos, que também incitaram manifestações no Iraque, Síria, Paquistão e Afeganistão.
No comunicado, a instituição sunita convocou os muçulmanos nesta quarta-feira (25) "a boicotar os produtos holandeses e suecos", uma forma de exigir uma "resposta adequada aos governos desses dois países (...)" e protestar contra "a persistência em proteger crimes desleais em nome da 'liberdade de expressão'".
O Ministério de Relações Exteriores do Egito "condenou fortemente" essas duas ações e expressou sua "profunda preocupação com a intensificação desses eventos e o recente crescimento da islamofobia em um determinado número de países europeus".
O governo da Suécia, por outro lado, lamentou o ato "profundamente desrespeitoso" e os Estados Unidos classificaram como "repugnante".
Após o presidente turco Recep Tayyip Erdogan criticar as autoridades suecas por autorizar diversos protestos anti-turcos no fim de semana, inclusive a queima do Corão, o país adiou indefinidamente na terça-feira (24) suas reuniões sobre a adesão da Suécia e Finlândia na Otan.
* AFP