A União Europeia prometeu nesta terça-feira (15) aumentar seu corte nas emissões de gases de efeito estufa durante a conferência climática da ONU (COP27), que iniciou o debate sobre uma declaração final dominada pelas finanças.
A COP em Sharm el Sheikh encerra oficialmente seus trabalhos nesta sexta-feira, e o objetivo de ambientalistas e países em desenvolvimento é fazer com que os países ricos assumam a criação de algum tipo de fundo ou mecanismo para assumir as perdas e danos causados pelo aquecimento global.
Este aquecimento não deve exceder +1,5 ºC, afirmam especialistas em clima.
O objetivo, que foi acordado na Declaração de Paris de 2015 (COP21), também deve ser especificamente mencionado novamente no texto final, de acordo com o rascunho do texto, que por enquanto se limita a elencar os desejos dos negociadores.
Para apoiar sua conquista, há um bloco de países, entre eles Índia e Colômbia, que defendem o abandono progressivo dos combustíveis fósseis.
Em plena crise energética, com os países mais uma vez fazendo uso maciço de gás e petróleo, as emissões de CO2 de origem fóssil bateram recordes históricos este ano (+1% em relação a 2021), segundo relatório publicado durante a COP27.
- Chegada de Lula -
Nesse contexto, o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, desembarcou em Sharm el Sheikh na manhã desta terça-feira, segundo sua equipe.
O líder de esquerda é a personalidade mais aguardada esta semana por uma comunidade internacional ansiosa por ver uma reviravolta ambiental no gigante latino-americano.
O desmatamento da Amazônia avançou fortemente sob o mandato do presidente Jair Bolsonaro, que expira no final do ano.
Lula se reunirá nesta terça-feira a portas fechadas com John Kerry, enviado especial dos Estados Unidos para o clima, antes de desenvolver sua agenda pública na COP27 na quarta e quinta-feira com pelo menos quatro eventos públicos.
Neles, espera-se que ele proclame seu compromisso com o "desmatamento zero" na Amazônia.
- A luta pelas finanças -
A UE reduzirá suas emissões em pelo menos 57%, em vez dos 55% prometidos anteriormente, até 2030, anunciou Frans Timmermans, vice-presidente da Comissão Europeia, em Sharm el Sheikh.
"A União Europeia está aqui para avançar, não para recuar", acrescentou o vice-presidente da Comissão.
"Esse pequeno aumento não atende aos apelos dos países mais vulneráveis", criticou Chiara Martinelli, do grupo Climate Action Network Europe.
Às críticas dos ambientalistas se juntaram alguns dos ministros que subiram ao pódio da COP27 nesta terça-feira para alertar que o tempo é urgente.
"Quantas vidas mais teremos que sacrificar?", exclamou o ministro do Desenvolvimento Sustentável de Belize, Orlando Habet.
- Rascunho sobre perdas e danos -
Quanto às perdas e danos, um item que foi incluído na agenda da COP27 após muitas disputas diplomáticas, um rascunho separado propõe basicamente escolher entre a criação de um fundo específico ou o uso de mecanismos financeiros existentes dentro da ONU.
Também está em pleno debate como atualizar, a partir de 2025, a cifra de 100 bilhões de dólares por ano para o financiamento de medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas em países pobres.
Esse valor, que deveria ter sido alcançado em 2020, não foi cumprido até o momento pelos países desenvolvidos.
"A promessa de 100 bilhões de dólares [anualmente] para a ação climática não pode mais ser ignorada, porque esse valor já é insuficiente diante dos desafios que temos", acrescentou Fiame Naomi, primeiro-ministro de Samoa, país insular ameaçado pela o aumento do nível dos oceanos.
* AFP