Os Estados insulares ameaçados pelo aquecimento global já renunciaram "muito" e não deixarão a COP27 sem um fundo para aliviar as perdas e danos sofridos, insistiu nesta quarta-feira seu negociador, em entrevista à AFP.
"Já renunciamos demais (...) Sendo assim, esperamos que (os países desenvolvidos) sejam capazes de considerar algumas de nossas prioridades. E nossas prioridades não mudaram desde o primeiro dia", explicou Conrod Hunte, negociador principal da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS).
Esse grupo negociador da conferência do clima, pequeno mas muito presente, faz parte da maior aliança de países em desenvolvimento, o chamado G77 (134 países), que junto com a China luta por esse sonho.
"É importante estabelecer esse fundo nesta COP para não perder o impulso", insiste Conrod Hunte.
A COP27 termina oficialmente na sexta e as discussões sobre esse fundo são intensas.
"Necessitamos um espaço para poder discutir frente a frente, entre partes", afirmou o embaixador.
Estados Unidos e União Europeia são reticentes à criação de um novo mecanismo dentro da ONU e consideram que a atual arquitetura financeira já permite ajudar aos países mais necessitados.
As discussões podem prolongar-se até 2024, de acordo com o calendário acertado com a COP no ano passado, em Glasgow.
No entanto, "sair daqui sem nada não é uma opção", garantiu o negociador.
Temos que sair da COP27 com no mínimo "um acordo para que trabalhemos em prol de um fundo", reclamou. "A China apoia plenamente" a criação do fundo, assegurou Hunte.
Porém, a AOSIS não vai lhe pedir uma contribuição, indicou. "Tenho certeza de que a China e outros países em desenvolvimento contribuirão para o fundo se surgir a oportunidade, embora isso não deva ser visto como uma exigência de nossa parte", afirmou.
A China, que é o principal emissor de gases de efeito estufa no mundo, se apresenta nas negociação do clima como um país em desenvolvimento.
"No ponto em que chegamos, não acho que vamos nos contentar apenas com o que eles querem nos dar", advertiu o negociador.
* AFP