Um rapper iraniano, preso no final de outubro depois de manifestar seu apoio aos protestos contra o governo, pode ser condenado à morte, confirmou a Autoridade Judiciária neste domingo (27).
Parentes de Toomaj Salehi afirmaram no sábado que seu julgamento começou naquele dia, a portas fechadas e sem qualquer representação legal. Segundo eles, ele é acusado de ser um "inimigo de Deus" e "corrupção na terra", crimes puníveis com a morte no Irã.
"O processo ainda não aconteceu, mas a acusação contra Toomaj Salehi foi elaborada e enviada" aos tribunais de Isfahan (centro), disse Assadollah Jafari, chefe da Autoridade Judicial da província de mesmo nome, citado pela agência Mizan Online.
"Ele é acusado de corrupção no terreno por espalhar mentiras na Internet e propaganda contra o sistema, e por ter formado e dirigido grupos ilegais com o objetivo de perturbar a segurança ao cooperar com um governo hostil ao Irã e por ter incitado a cometer atos violentos", acrescentou.
O Irã é palco de um movimento de protestos desencadeado em 16 de setembro pela morte da jovem Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos que morreu após ser detida pela polícia da moralidade em Teerã.
As autoridades denunciam esses protestos como "distúrbios" promovidos pelo Ocidente.
Em 2 de novembro, a agência de notícias oficial Irna publicou um vídeo no qual, segundo ela, Salehi estava vendado e dizia que havia "cometido um erro".
"Confissões forçadas", denunciaram imediatamente ativistas de direitos humanos.
Pouco antes de sua prisão, o rapper havia dado uma entrevista muito crítica ao governo à rede canadense CBC. "Esta é uma máfia disposta a matar toda a nação (...) para manter seu poder, seu dinheiro e suas armas", denunciou.
A justiça iraniana já proferiu seis sentenças de morte desde o início das manifestações em meados de setembro. Mais de 2.000 pessoas foram acusadas, segundo dados oficiais.
* AFP