A Justiça iraniana acusou quase 800 pessoas por participarem dos "recentes distúrbios" em três províncias - informaram a Mizan, agência da autoridade judicial do país, e uma agência de notícias local.
No total, mais de 2.000 pessoas foram acusadas, metade delas na capital do país, Teerã, desde o início das manifestações que abalam o território há dois meses, conforme números divulgados pela Justiça iraniana.
Organizações internacionais de direitos humanos contabilizam 15.000 prisões, um número que as autoridades iranianas negam.
Citado pela Mizan neste domingo, o diretor-geral de Justiça da província de Hormozgan anunciou o indiciamento de 164 pessoas "acusadas após os recentes distúrbios" na província e que serão "julgadas a partir de quinta-feira".
Elas são acusadas de "reunião e conspiração contra a segurança do país", "propaganda contra o regime", "perturbação da ordem pública", "distúrbios", "incitação a assassinato", "lesões contra agentes de segurança" e "danos ao patrimônio público".
De acordo com a agência Tasnim, na noite de sábado, o diretor-geral da autoridade judicial da província central de Isfahan, Asadollah Jafari, afirmou que 316 casos relacionados com os recentes distúrbios foram apresentados e que 12 réus já foram julgados.
Da mesma forma, 276 pessoas foram indiciadas na província de Markazi (centro), segundo o diretor de justiça local, Abdol-Mehdi Mousavi, mencionado pela agência de imprensa oficial Irna.
- Atritos com Macron -
Neste domingo, o governo iraniano criticou uma recente reunião entre o presidente francês, Emmanuel Macron, e dissidentes iranianos e classificou as declarações após o encontro como "lamentáveis e vergonhosas".
Na sexta-feira (11), Macron se reuniu com quatro proeminentes dissidentes iranianas, em meio à onda de protestos no Irã após a morte de Mahsa Amini, em setembro, sob custódia policial. A jovem curdo-iraniana, de 22 anos, foi presa pela polícia da moralidade em Teerã por não usar o véu corretamente, conforme exigido pelo rigoroso código de vestimenta para mulheres na República Islâmica.
O encontro foi "uma violação flagrante das responsabilidades internacionais da França na luta contra o terrorismo e a violência", criticou o porta-voz do Ministério iraniano das Relações Exteriores, Nasser Kanani.
"Consideramos que a França favorece esses fenômenos sinistros", acrescentou.
A ativista americana Masih Alinejad, que há anos lidera uma campanha incentivando as mulheres iranianas a retirarem seus véus, e Ladan Boroumand, cofundadora do grupo de direitos humanos Abdorrahman Boroumand Center, com sede em Washington, estavam entre as participantes da reunião.
"As declarações de apoio de Macron a essa suposta revolução liderada por essa gente" foram "lamentáveis e vergonhosas", disse Kanani.
Na sexta-feira, depois da reunião, Macron expressou seu "respeito e admiração no âmbito da revolução que lideram".
* AFP