O governo do Irã criticou o presidente francês, Emmanuel Macron, nesta sexta-feira (14), por declarações expressando solidariedade aos manifestantes que protestavam contra a morte da jovem Mahsa Amini.
Os comentários de Macron são uma "ingerência" e serviram para estimular "os violentos e os infratores da lei", disse o porta-voz do Ministério iraniano das Relações Exteriores, Nasser Kanani, em um comunicado.
Em entrevista à televisão francesa na quarta-feira (12), Macron expressou sua "admiração" pelas "mulheres" e "jovens" que se manifestam no Irã desde a morte, em 16 de setembro, da curda iraniana Amini, de 22 anos. Ela morreu três dias depois de ter sido presa pela polícia da moralidade.
"Estamos junto com aquelas e aqueles que lutam por esses valores", declarou Macron, ressaltando que "defende" e "apoia" "o que acontece no Irã".
"A França condena a repressão realizada pelo regime iraniano", criticou o presidente francês.
O chanceler iraniano disse ser "surpreendente" que a França tenha condenado as forças de segurança iranianas que tiveram de enfrentar "pessoas violentas e desordeiras", enquanto Paris ameaça usar a força em resposta a "greves de trabalhadores no setor de petróleo e gás".
"Trata-se de uma clara hipocrisia que prova, mais uma vez, que os Direitos Humanos, no dicionário de vários governos ocidentais pretensiosos, nada mais são do que um brinquedo e uma ferramenta para atingir seus objetivos políticos e interferir nos assuntos de outros países", acrescentou.
A morte de Mahsa Amini desencadeou a maior onda de manifestações desde os protestos de 2019 contra o aumento dos preços da gasolina no Irã. Mais de 100 pessoas morreram, e centenas foram detidas, segundo várias ONGs.
* AFP