Os chanceleres do Egito e da Grécia consideraram "ilegal" o memorando de prospecção de hidrocarbonetos em águas líbias, assinado pelo governo sediado em Trípoli e a Turquia três anos após um controverso acordo de demarcação marítima.
"O acordo ameaça a estabilidade e a segurança no Mediterrâneo", disse o ministro das Relações Exteriores grego, Nikos Dendias, no Cairo.
O governo líbio com sede em Trípoli "não tem a soberania necessária naquela região" para selar tal acordo, afirmou Dendias, o que torna o texto "ilegal e inadmissível".
Por sua vez, seu colega egípcio, Sameh Shukri, destacou que "o governo de Trípoli não tem legitimidade para assinar acordos" porque seu mandato "expirou".
Desde março, dois governos rivais disputam o poder na Líbia, um país em caos desde a queda de Muammar Kadhafi em 2011. O memorando de entendimento foi alcançado após um acordo que a Turquia assinou com as autoridades em Trípoli em 2019 que permitiu a Ancara reivindicar direitos em grandes áreas do Mediterrâneo oriental.
Grécia, Egito e Chipre consideram que o acordo viola seus direitos econômicos em um setor que possui extensas jazidas de gás descobertas nos últimos anos.
"Usaremos todos os meios legais para defender nossos direitos", alertou Dendias.
Em troca do acordo de demarcação marítima de 2019, a Turquia ajudou o governo de Trípoli a repelir em junho de 2020 a ofensiva das forças do marechal Khalifa Haftar, líder militar do leste do país, para tomar a capital.
* AFP