Ao menos 18 migrantes morreram, quase todos mulheres, em dois naufrágios na costa da Grécia. Dezenas de pessoas estão desparecidas, informou nesta quinta-feira (6) a Guarda Costeira do país.
De acordo com o porta-voz da instituição, Nikos Kokkalas, 16 corpos de mulheres e de um jovem foram encontrados após um segundo naufrágio ao leste da ilha de Lesbos.
O corpo de um adulto foi encontrado por mergulhadores da Frontex (Agência de vigilância de fronteiras europeias) elevando a 18 o número de vítimas mortais. Os socorristas informaram que as buscas no mar continuariam.
Em Praga, onde participa de uma cúpula da comunidade política europeia, o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis lamentou a "trágica perda de vidas" humanas e instou a "cooperação de forma muito mais substancial" para evitar estes dramas.
É preciso "erradicar completamente os traficantes humanos que se aproveitam de inocentes, pessoas desesperadas" que tentam chegar à União Europeia em embarcações em mau estado", afirmou.
As autoridades gregas acreditam que 40 pessoas estavam a bordo da embarcação.
"As mulheres estavam aterrorizadas", disse Kokkalas.
- Imagens impressionantes -
Algumas horas antes aconteceu outro naufrágio, perto da ilha de Citera, ao sul da península do Peloponeso. A embarcação transportava 95 pessoas, segundo a Guarda Costeira.
Imagens impressionantes divulgadas pela Guarda Costeira mostram náufragos tentando escapar das grandes ondas que batiam nas rochas enquanto os socorristas usavam máquinas para o resgate.
Alguns migrantes conseguiram nadar até o resgate e uma operação combinada de navios, bombeiros e policiais conseguiu encontrar 80 pessoas, procedentes do Irã, Iraque e Afeganistão.
Os ventos, que chegavam a 102 km/h, prejudicaram os trabalhos de resgate na região de Citera.
O tráfico de migrantes a partir da Turquia aumentou no sul da Grécia à medida que os contrabandistas tentam evitar o reforço dos controles no Mar Egeu.
Grécia, Itália e Espanha são as principais vias de entrada na União Europeia para milhares de pessoas que fogem da África e do Oriente Médio em busca de segurança e melhores condições de vida.
A Guarda Costeira grega informou que resgatou 1.500 pessoas nos primeiros oito meses do ano, contra menos de 600 no ano passado.
- Críticas recíprocas -
Desde janeiro, 64 pessoas morreram em tentativas de chegar à Europa a partir das costas da Turquia, contra 111 em todo o ano de 2021, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
A Grécia nega as afirmações de grupos de defesa dos direitos humanos de que muitas pessoas foram devolvidas para a Turquia sem a oportunidade de solicitar asilo.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que tem uma forte rivalidade com Atenas, afirmou em setembro que as "políticas opressivas" da Grécia contra os imigrantes estavam transformando o Egeu em um "cemitério".
O ministro das Migrações da Grécia, Notis Mitarakis, respondeu esta semana que a Turquia está "empurrando violentamente os migrantes para a Grécia".
Ele disse que a Turquia viola as "leis internacionais" e um acordo migratório de 2016 entre a UE e a Turquia, pelo qual o bloco concedeu ajuda econômica a Ancara para que limitasse as saídas de migrantes a partir de seu território. A Turquia nega as acusações.
* AFP