A comunidade LGBTQIA+ fez neste sábado (17) uma manifestação em Belgrado por ocasião da Europride, sob proteção policial, apesar da proibição do desfile por parte das autoridades, que prenderam cerca de trinta pessoas.
O desfile deveria ser o ponto alto desse evento pan-europeu que a cada ano é celebrado em uma cidade diferente do continente, mas o Ministério do Interior da Sérvia o proibiu na última terça-feira (13) por razões de segurança.
Grupos de extrema direita ameaçaram organizar suas próprias manifestações, após uma série de protestos contra esse evento na capital da Sérvia.
"Já estive em várias Paradas mas essa é um pouco mais estressante que as outras", declarou à AFP Yasmin Benoit, modelo e ativista em frente ao Conselho Constitucional, local planejado para o encontro.
"Sou do Reino Unido, onde todo mundo é mais solidário", disse a modelo. "Mas aqui, isso é realmente o que uma Parada deveria ser", acrescentou, referindo-se à luta social nas origens do movimento.
"Estamos lutando pelo futuro desse país", destacou Luka, um manifestante sérvio que preferiu não revelar seu sobrenome.
A polícia de choque foi mobilizada em torno da manifestação e afastou pequenos grupos de contra-manifestantes que exibiam cruzes e outros sinais religiosos.
Mais de 30 pessoas foram detidas, segundo o ministério.
A proibição da parada provocou a indignação de ONGs de direitos humanos e provocou críticas internacionais, com mais de 20 países pressionando pelo cancelamento da celebração.
Os manifestantes finalmente concluíram o percurso, entre o Conselho Institucional e um parque próximo, na chuva. O trajeto inicial contava com alguns metros a mais da caminhada percorrida.
A Sérvia é candidata à União Européia há uma decada, mas os Estados-membros têm mostrado sua preocupação ao longo dos anos por sua posição em temas dos direitos humanos.
O casamento gay não é legal no país de sete milhões de habitantes, onde a homofobia segue fortemente enraizada, apesar de alguns avanços contra a discriminação.
As marchas da Parada LGBTQIA+ de 2001 e 2010 foram atacadas pela extrema direita e marcadas pela violência contra os participantes. Desde 2014, o evento é celebrado sem grandes incidentes, mas sempre sob forte proteção policial.
No último fim de semana, milhares de pessoas, incluindo nacionalistas de extrema direita e padres ortodoxos, se manifestaram contra em Belgrado.
* AFP