Os líderes dos partidos políticos chilenos, tanto da oposição quanto do governo, iniciaram nesta quarta-feira (7) a primeira reunião para traçar um novo itinerário constitucional após a rejeição no domingo da proposta de um novo texto para a Constituição.
Em uma das salas do Congresso, dois dias após a esmagadora vitória eleitoral da opção "Rejeito" com 62% dos votos, os presidentes dos partidos políticos sentaram-se à mesa para acertar as datas e a estrutura destinada a gerar um novo caminho.
"O diálogo vai se basear aqui no Parlamento e nós, como governo, vamos acompanhar", disse à imprensa a nova secretária-geral da Presidência, Ana Lya Uriarte, na sede do Congresso, na cidade costeira vizinha de Valparaíso.
A ideia de montar uma mesa de diálogo para traçar um novo itinerário constitucional foi acordada nas primeiras horas após o fracasso, no plebiscito de domingo, do texto elaborado ao longo de um ano pela Convenção Constituinte.
Por lei, após o triunfo do "Rejeito", a Constituição herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) deve permanecer em vigor, mas há um consenso entre as forças políticas e os cidadãos de que uma nova Constituição precisa ser produzida.
A última pesquisa IPSOS, de segunda-feira, mostrou que quatro em cada cinco entrevistados concordam com a execução de um novo texto.
- Acordo transversal -
"A única coisa relevante é que estamos todos à disposição para chegar a um acordo transversal para poder dar segurança ao país quanto a um roteiro", declarou o presidente da Câmara dos Deputados, Raúl Soto.
Por sua vez, o deputado governista Vlado Mirosevic afirmou que a ideia é entrar em acordo de forma "rápida", enquanto o opositor Jorge Alessandri disse que se falava em estabelecer um "Acordo Nacional Amplo".
O deputado Alessandri também disse que houve um acordo para que esse novo processo constitucional termine outra vez em um plebiscito.
"Houve um bom tom, uma discussão amigável", acrescentou ele, após quase duas horas de reunião no Congresso.
Na terça-feira, o presidente de esquerda Gabriel Boric fez uma ampla mudança em seu gabinete, acusando o duro golpe que a derrota da opção "Aprovo" representou para seu governo.
O presidente fez ajustes em seis ministérios, incluindo o do Interior, para adicionar nomes tradicionais da centro-esquerda.
Resta definir se esse novo processo constitucional será semelhante ao que terminou no domingo, que incluiu uma Convenção Constitucional composta por representantes eleitos totalmente por voto popular, com paridade e a inclusão de 17 cadeiras indígenas.
O acordo deve ser finalizado antes de 18 de setembro, segundo o senador governista Jaime Quintana. Uma próxima reunião está prevista para segunda-feira.
Mais cedo, no centro de Santiago houve pelo segundo dia consecutivo protestos de estudantes, insatisfeitos com a não aprovação da nova Constituição, que consagrava uma ampla gama de direitos sociais.
* AFP