O ministro russo de Relações Exteriores, Serguei Lavrov, ausentou-se nesta sexta-feira (8) durante várias intervenções de colegas do G20 na Indonésia, após inúmeras declarações de países ocidentais condenando a invasão da Ucrânia pelas tropas russas.
Os participantes expressaram "sua preocupação profunda pelas consequências humanitárias da guerra" na Ucrânia, disse a ministra indonésia, Retno Marsudi, no encerramento da reunião deste fórum de potências industrializadas e emergentes, na ilha de Bali.
Mas o G20 não condenou de maneira unânime a invasão russa e só "alguns de seus membros" o fizeram, acrescentou.
No entanto, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, assegurou aos repórteres que "o que ouvimos hoje é um grande coro de todo o mundo, não apenas dos Estados Unidos, sobre a necessidade de acabar com a agressão" russa.
Lavrov, que se encontrou com Blinken pela primeira vez desde o início da operação militar russa no final de fevereiro, estava ausente durante seu discurso.
Tampouco estava presente quando o ministro ucraniano, Dmytro Kuleba, falou por videoconferência, nem quando a ministra alemã, Annalena Baerbock, tomou a palavra. Segundo fontes diplomáticas, Baerbock afirmou que Lavrov "não está interessado na cooperação internacional ou no diálogo com seus outros parceiros".
A ministra francesa, Catherine Colonna, disse à AFP que a "Rússia estava tão isolada que Lavrov deixou a conferência no meio do dia, após ter falado" no fórum.
- "Fracasso ocidental" -
A Rússia, por outro lado, considerou que os países ocidentais "fracassaram" em sua tentativa de isolá-la.
"Ninguém apoiou os regimes ocidentais", escreveu no Telegram a porta-voz do ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova.
A porta-voz também descreveu as declarações de Baerbock como "totalmente absurdas" e afirmou que "os cidadãos alemães devem saber que sua ministra das Relações Exteriores (...) está mentindo para eles".
Em sua intervenção, Blinken denunciou a responsabilidade da Rússia na crise alimentar e energética mundial e pediu a Moscou que autorize a saída de grãos da Ucrânia.
Lavrov, por sua parte, afirmou que os países ocidentais utilizam o G20 para criticar a Rússia e não para abordar os grandes problemas do planeta.
Na Ucrânia, as críticas ocidentais não impediram o exército russo de continuar bombardeando a região de Donetsk para tomar toda a bacia do Donbass (leste), seu objetivo estratégico desde que se retirou dos arredores de Kiev.
Blinken discutiu essa guerra "injustificável e não provocada" antes da reunião plenária com seus pares da França e da Alemanha e um representante britânico, disse o Departamento de Estado em comunicado.
O governo dos Estados Unidos, apoiado por parte de seus aliados, pediu que a Rússia fosse excluída dos fóruns internacionais.
O encontro de Bali foi marcado pelo anúncio do ataque que matou o ex-primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, durante um evento eleitoral em seu país.
A reunião é a primeira etapa da reunião de cúpula de chefes de Estado e de Governo que acontecerá em novembro na ilha indonésia, programada para discutir a recuperação mundial após a pandemia de covid-19.
Mas a atenção está voltada para a invasão russa da Ucrânia, que abalou os mercados mundiais, provocou a disparada dos preços dos alimentos e gerou denúncias de crimes de guerra russos.
Não haverá uma foto de todos os ministros, como diz a tradição, comentou à AFP um alto funcionário indonésio.
O encontro acontecerá depois que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que espera conversar nas próximas semanas com seu colega chinês, Xi Jinping, com quem conversou pela última vez em março.
* AFP